Capítulo 2 para quem não leu e quiser acompanhar
Primeiro: eu gostaria de pedir desculpa, faz 2/3 semanas que eu fiquei de postar a continuação do conto e acabei não continuando
Segundo: para me redimir vou postar dois capítulos hoje, o terceiro e o quarto.
Boa leitura.
Capítulo 3 - Dois-em-um: vagina e ânus, em silicone e látex
"Ai, meu Deus, será que dói?", cantarola a garota, balançando a cabeça esportivamente. Todos parecem se movimentar com maior naturalidade dentro da loja, embora ela continue a olhar apenas para o vendedor e para as prateleiras que guardam uma variedade de duas centenas de brinquedos para jogos do amor. Numa ponta do balcão, um rapaz com aparência de office-boy namora a capa de um vídeo intitulado 30 machos para Sandy. Na outra ponta, o executivo de terno cinza já desisitiu do alongador de pênis e agora está entretido com uma geringonça muito mais mirabolante: um conjunto de vágina e ânus numa massa de silicone e látex cor de pele, reproduzindo um corte dramático num corpor feminino. A peça de três quilos e trinta centimetros de altura tem dois canais independentes para penetração e vibrador com várias velocidades. Custa por volta de trezentos reais e é muito funcional, como sussurrou o vendendor num tom brincalhão ao lhe passar o objeto. "É o essencial de uma mulher e você não precisa levar pra jantar, nem dar presentes no dia dos namorados".
Depois de vinte minutos no sex shop, a garota olha o relógio mais uma vez e devolve o adstrigente, "não vou levar não, preciso antes consultar as bases lá em casa", diz enigmática. Falta apenas um conjunto de prateleiras para ela vasculhar - aquele que estão enfileirados os vibradores em forma de pênis. O vendedor inclina o corpo e prepara a estocada final - "Temos vibradores de silicone maciço fabricados em Los Angeles, Frankfurt e Hong Kong, a partir de duzentos e cinquenta reais. Aceitamos cheque pré-datado, cartão..."
Capítulo 4 - Um alentado pinto de vinil, cor de laranja
A garota não sorri mais e os diálogos agora são mais rápidos. Ela pede para ver um pênis alaranjado, que manuseia com cuidado, apertando nas pontas. "Esse é nacional, de vinil injetado", informa o vendedor. "Sai bem mais barato, setenta reais..." A garota faz uma contra-oferta, "dou cinquenta...". Negócio fechado.
Quando ela sai, mais ligeira do que entrou, o vendedor da um peteleco no tampo de vidro do balcão, "ufa, essa custou, mas eu sabia desde o início que ia vender um pinto para menina". Com a boca torcida, o vendedor faz uma expressão de prazer ao introduzir o cheque no bolso da camisa, aos pouquinhos. "Desse negócio eu entendo", congratula-se ele, aproveitando o momento em que a loja está vazia de fregueses.
O vendedor, um gaúcho de 29 anos chamado Milton, é na verdade o dono da sex shop. Mais que isso: apesar da sua aparência humilde, com os cabelos pretos e curtos penteados curiosamente para frente. Milton começa a esplahar uma rede de lojas em São Paulo - além dessa daqui e de outra a duas quadras de distância, num dos pontos comerciais mais nobres dos Jardins, ele abriu recentemente mais um estabelecimento no bairro classe média do Sumaré, não muito longe dali. "São lojas discretas, sem aquelas fachadas pretas e o clima pesado das sex shops do centro da cidade", orgulha-se o proprietário, que toca o negócio com dois outros vendedores e mais a mulher, Eunice, uma loira do rosto redondo e olhos azuis, com quem tem uma filha de 5 anos. Essa pequena e aguerrida equipe que vive se revezando nos três endereços, procura dar um toque quase familiar no atendimento à clientela - ou, no mínimo, um tratamento adequado as diferentes necessidades de cada um que decide cruzar a porta de entrada de uma sex shop.
"Boa sacanagem!", disse Milton, por exemplo, ao se despedir alegremente de um freguês que levou um pênis de silicone de trezentos e cinquenta reais no fim da tarde.
Ele tomou essa liberdade porque reparou bem no cliente - um rapaz muito bem vestido, com um sobretudo negro fechado até o pescoço, sapatos possilvelmente ingleses, óculos com lentes verdes quadradinhas e sem o menor traço visível de homossexualidade. Milton concluiu que o rapaz buscava o acessório para um festinha mais animada com algumas garotas e parece ter acertado na mosca. O cliente nes discutiu o preço (receberia um desconto de até cem reais, se soubesse chorar) e ainda assim saiu feliz da vida, com seu volumoso embrulho no bolso do sobretudo.
Para um cavalheiro ou uma senhora que entre na loja com um ar mais sombrio, constrangido até, Milton reserva um tratamento mais respeitoso, de fundo psicológico. O vendedor não faz qualquer pergunta embaraçosa, mas está sempre pronto para ajudar no que for preciso. Problemas de ejaculação precoce? Frigides? Tédio na relação? As sombrancelhas do empresário erótico se juntam, numa expressão solidária e compreensiva de quem pode ter a solução para quase tudo, em seu mundo mágico de carinhos movidos a pilhas e de aditivos para os sentidos mais variados.
- Querro valar sobre um endurecedor de pênis que comprrei de vocês - diz um sujeito com forte sotaque alemão
- Pois não - atende Milton
- Non vunciona
Milton junta as sombrancelhas e faz um gesto mudo de reprovação para Américo, o vendedor que divide com ele o atendimento na loja. Pela descrição do produto, é natural que não funcione: em vez de enrijecedor, Américo deve ter embrulhado por engano um lubrificante anal. Milton sugere a troca do preparado, sem entrar em maiores detalhes e o alemão parece satisfeito.
Muita gente vai em uma sex shop em busca de milagres. A ilusão mais comum é imaginar que existe uma poção para excitar as garotas quimicamente - até existe um preparado em conta-gotas chamado Tatty, que supostamente provocaria esse efeito. O distinto freguês levaria sua musa a um bar, por exemplo, e quando ela fosse retocar a maquiagem no toalete ele pingaria algumas gotas do preparado no seu drinque; a garota voltaria, tomaria alguns goles e começaria a arder de desejo, como uma vela de sete dias. "É tudo balela", reconhece Milton. "A fórmula tem bastante álcool e deixa a bebida mais forte, só isso". Para não ser acusado de enganar os consumidores, Milton retirou o Tatty das prateleiras de sua loja, mas achaa sinceramente que o produto não fazia mal - pelo contrário, poderia até ajudar de forma indireta o casal a se desinibir. "Sexo tem muito de cabeça. Se um sujeito acredita que alguma coisa começou a mexer com sua garota, ele pode ganahr coragem e ousar mais do que faria normalmente. Se for bem aceito, vai atribuir o sucesso ao preparado."
Continua na próxima quarta - Capítulo 5 - Parece uma vulva, mas...
Primeiro: eu gostaria de pedir desculpa, faz 2/3 semanas que eu fiquei de postar a continuação do conto e acabei não continuando
Segundo: para me redimir vou postar dois capítulos hoje, o terceiro e o quarto.
Boa leitura.
Capítulo 3 - Dois-em-um: vagina e ânus, em silicone e látex
"Ai, meu Deus, será que dói?", cantarola a garota, balançando a cabeça esportivamente. Todos parecem se movimentar com maior naturalidade dentro da loja, embora ela continue a olhar apenas para o vendedor e para as prateleiras que guardam uma variedade de duas centenas de brinquedos para jogos do amor. Numa ponta do balcão, um rapaz com aparência de office-boy namora a capa de um vídeo intitulado 30 machos para Sandy. Na outra ponta, o executivo de terno cinza já desisitiu do alongador de pênis e agora está entretido com uma geringonça muito mais mirabolante: um conjunto de vágina e ânus numa massa de silicone e látex cor de pele, reproduzindo um corte dramático num corpor feminino. A peça de três quilos e trinta centimetros de altura tem dois canais independentes para penetração e vibrador com várias velocidades. Custa por volta de trezentos reais e é muito funcional, como sussurrou o vendendor num tom brincalhão ao lhe passar o objeto. "É o essencial de uma mulher e você não precisa levar pra jantar, nem dar presentes no dia dos namorados".
Depois de vinte minutos no sex shop, a garota olha o relógio mais uma vez e devolve o adstrigente, "não vou levar não, preciso antes consultar as bases lá em casa", diz enigmática. Falta apenas um conjunto de prateleiras para ela vasculhar - aquele que estão enfileirados os vibradores em forma de pênis. O vendedor inclina o corpo e prepara a estocada final - "Temos vibradores de silicone maciço fabricados em Los Angeles, Frankfurt e Hong Kong, a partir de duzentos e cinquenta reais. Aceitamos cheque pré-datado, cartão..."
Capítulo 4 - Um alentado pinto de vinil, cor de laranja
A garota não sorri mais e os diálogos agora são mais rápidos. Ela pede para ver um pênis alaranjado, que manuseia com cuidado, apertando nas pontas. "Esse é nacional, de vinil injetado", informa o vendedor. "Sai bem mais barato, setenta reais..." A garota faz uma contra-oferta, "dou cinquenta...". Negócio fechado.
Quando ela sai, mais ligeira do que entrou, o vendedor da um peteleco no tampo de vidro do balcão, "ufa, essa custou, mas eu sabia desde o início que ia vender um pinto para menina". Com a boca torcida, o vendedor faz uma expressão de prazer ao introduzir o cheque no bolso da camisa, aos pouquinhos. "Desse negócio eu entendo", congratula-se ele, aproveitando o momento em que a loja está vazia de fregueses.
O vendedor, um gaúcho de 29 anos chamado Milton, é na verdade o dono da sex shop. Mais que isso: apesar da sua aparência humilde, com os cabelos pretos e curtos penteados curiosamente para frente. Milton começa a esplahar uma rede de lojas em São Paulo - além dessa daqui e de outra a duas quadras de distância, num dos pontos comerciais mais nobres dos Jardins, ele abriu recentemente mais um estabelecimento no bairro classe média do Sumaré, não muito longe dali. "São lojas discretas, sem aquelas fachadas pretas e o clima pesado das sex shops do centro da cidade", orgulha-se o proprietário, que toca o negócio com dois outros vendedores e mais a mulher, Eunice, uma loira do rosto redondo e olhos azuis, com quem tem uma filha de 5 anos. Essa pequena e aguerrida equipe que vive se revezando nos três endereços, procura dar um toque quase familiar no atendimento à clientela - ou, no mínimo, um tratamento adequado as diferentes necessidades de cada um que decide cruzar a porta de entrada de uma sex shop.
"Boa sacanagem!", disse Milton, por exemplo, ao se despedir alegremente de um freguês que levou um pênis de silicone de trezentos e cinquenta reais no fim da tarde.
Ele tomou essa liberdade porque reparou bem no cliente - um rapaz muito bem vestido, com um sobretudo negro fechado até o pescoço, sapatos possilvelmente ingleses, óculos com lentes verdes quadradinhas e sem o menor traço visível de homossexualidade. Milton concluiu que o rapaz buscava o acessório para um festinha mais animada com algumas garotas e parece ter acertado na mosca. O cliente nes discutiu o preço (receberia um desconto de até cem reais, se soubesse chorar) e ainda assim saiu feliz da vida, com seu volumoso embrulho no bolso do sobretudo.
Para um cavalheiro ou uma senhora que entre na loja com um ar mais sombrio, constrangido até, Milton reserva um tratamento mais respeitoso, de fundo psicológico. O vendedor não faz qualquer pergunta embaraçosa, mas está sempre pronto para ajudar no que for preciso. Problemas de ejaculação precoce? Frigides? Tédio na relação? As sombrancelhas do empresário erótico se juntam, numa expressão solidária e compreensiva de quem pode ter a solução para quase tudo, em seu mundo mágico de carinhos movidos a pilhas e de aditivos para os sentidos mais variados.
- Querro valar sobre um endurecedor de pênis que comprrei de vocês - diz um sujeito com forte sotaque alemão
- Pois não - atende Milton
- Non vunciona
Milton junta as sombrancelhas e faz um gesto mudo de reprovação para Américo, o vendedor que divide com ele o atendimento na loja. Pela descrição do produto, é natural que não funcione: em vez de enrijecedor, Américo deve ter embrulhado por engano um lubrificante anal. Milton sugere a troca do preparado, sem entrar em maiores detalhes e o alemão parece satisfeito.
Muita gente vai em uma sex shop em busca de milagres. A ilusão mais comum é imaginar que existe uma poção para excitar as garotas quimicamente - até existe um preparado em conta-gotas chamado Tatty, que supostamente provocaria esse efeito. O distinto freguês levaria sua musa a um bar, por exemplo, e quando ela fosse retocar a maquiagem no toalete ele pingaria algumas gotas do preparado no seu drinque; a garota voltaria, tomaria alguns goles e começaria a arder de desejo, como uma vela de sete dias. "É tudo balela", reconhece Milton. "A fórmula tem bastante álcool e deixa a bebida mais forte, só isso". Para não ser acusado de enganar os consumidores, Milton retirou o Tatty das prateleiras de sua loja, mas achaa sinceramente que o produto não fazia mal - pelo contrário, poderia até ajudar de forma indireta o casal a se desinibir. "Sexo tem muito de cabeça. Se um sujeito acredita que alguma coisa começou a mexer com sua garota, ele pode ganahr coragem e ousar mais do que faria normalmente. Se for bem aceito, vai atribuir o sucesso ao preparado."
Continua na próxima quarta - Capítulo 5 - Parece uma vulva, mas...
23 comentários:
hummm...deve ser bem divertido trabalhar um lugar desses!
bom, não é bem o meu tipo de temática preferido, mas interessante o texto. parabens.
gostei do texto
vc escreve bem
parabéns
sou menor de idade...o conteúdo do texto ñ está apropriado para a minha inocencia e ingenuidade...
\o/rs
Gostei do Blog, conteudo inteligente!
Parabéns!
adoro esse tipo de texto adorei o blog, bem diferente do q ando vendo por ai
bjos
Bom dia Uriel!
Te agradeço a visita e principalmente pelo toque, fiz aquela correção que você sugeriu e aproveitei para revisar o texto de um modo geral.
Achei uma coisinha ou outra que esta meio sem coerência (isso que dá escrever nas coxas, né? hihihi...)
Enfim, gracias pela tua ajuda, vice?
;)
AH! gostei do trecho na sua postagem que diz: "Sexo tem muito de cabeça. Se um sujeito acredita que alguma coisa começou a mexer com sua garota, ele pode ganhar coragem e ousar mais do que faria normalmente. Se for bem aceito, vai atribuir o sucesso ao preparado."
Bjoks !
Muito bom o blog...^^
Abçs
tudo!! eu procurando a primeira parte para ler tudo!!
amei!
Gostei da iniciativa de escrever esse texto em capítulos com um assunto não muito comum! É um texto inteligente e muito bem escrito! Apesar de eu ser uma menina menor de idade e esse texto afetar a minha inocência, gostei mto do texto!
Muito legal! Eu ia dar muita risada se trabalhasse em um lugar desses! rsrs
www.comideiaseideais.blogspot.com
Hey, interessante a idéia de "lançar um livro" num blog. Tenho vontade de fzr isso um dia, mas por enquanto não tenho nem tempo e nem conteúdo - digo, conteúdo tenho, mas por enquanto está em fase de "produção".
Não li os capítulos deste post, fui ler logo o primeiro capítulo, afinal, a história parecia interessante, e não merecia levar um simples "legal o blog" como comentário. Olha só, anotei seu link aqui e vou voltar para ler os outros capítulos e comentar novamente.
Perdoe minha pressa e siga em frente, essa estória promete!
Hehehehe ... muito bom até agora heim...e vc ta bem por dentro dos apetrechos vendidos nessas lojas heim?
Tatty ???
hehehehehe
Adorei .. vou ler a primeira parte .. vc escreve e tem muito boa imagnação .. rsrsrs
Abç..
humm belo texto cara vou ler os outros capitulos não frequentava seu blog to meio por fora mais vou começar a passar por aqui sempre que tiver post novo...uma curiosidade é você que escreve esses textos mesmo??
abraçoss e bom diaaa
Que texto diferente, nunca tinha lido algo tão... louco. ^^'
É realmente interessante, mostra a verdade, o que realmente as pessoas pensam em suas cabecinhas, por dentro somos todos meio que pevertidos e engraçados, cheios de pensamentos bobos e esquesitos. haha.
Deve ser ilario trabalhar nesses locais.
Belo Blog e um Bom Texto.
Parabéns.
Legal o texto, acompanhando desdo do 1 xD
abraços!
http://wallnosekai.blogspot.com/
Passando pra deixar um oi
muito boa a 'estória' (?)
só que eu sou menor de idade e, desculpa a sinceridade, mas isso tá acabando com a minha inocência também :/
texto bom...
vc mesmo escreveu?
o blog ta mto bom parabêns
Tem um apelo esta história..
Trata de sexo de um jeito bem particular... o que gostei!
ESperando a continuação!
;D
bjus
Dizem que a diferença entre homens e meninos eé o preço dos binquedos...
Preço e formato, eu diria! rs Abç
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