quarta-feira, 11 de março de 2009

Crônica com ajuda da professora

Benhê, tô bonita? – Se você já ouviu, ou mesmo disse isso, sabe que, apesar de ser bastante agradável à visão, a beleza pode fazer muito mal aos ouvidos. E ao cérebro. Não que todo bonito seja estúpido ou todo inteligente seja feio. Não é essa a questão. A questão é que a máxima de que “beleza nunca é demais” tornou-se indiscutível. E, bem, talvez seja a hora de colocar um ponto de interrogação na frente dela.

Antes de começar a criticar o estereotipo dos bonitos-acerebrados, pare para pensar: ser bonito não é nada fácil. Nascer bonito sim, é fácil. Mas há muito tempo aquela beleza natural, que não precisa de retoques, deixou de ser suficiente. Os padrões de beleza estão cada vez mais altos e os olhos, mais exigentes. E agradar os olhos alheios é algo que exige muito tempo, paciência, dinheiro e dedicação. Ser o mais bonito então, nem se fala. Ou melhor, fala-se. Fala-se tanto que até Darwin, há mais de um século atrás, falava a respeito.

O homem é um animal (pode parecer uma afirmação óbvia, mas ainda faz doer os ouvidos de muita gente). E como animais dentro de um processo de seleção natural, fazemos de tudo para ser os melhores. Seja o melhor atleta, o mais agradável, o mais inteligente, o mais engraçado ou mesmo, o mais estúpido, todos querem ser o “mais”. Por isso, é natural alguns quererem ser os mais bonitos. Alguns, mas não todos. Quando a prioridade de uma sociedade inteira passa a ser uma só, devemos admitir, há algo errado com a nossa espécie.

Não se pode ser o mais bonito e o mais inteligente. Não se trata de preconceito, trata-se de uma afirmação prática. Para ser o mais bonito você precisa dedicar muito do seu tempo a isso e , para ser inteligente, também. Posso não ser a melhor em exatas (minha prioridade é outra), mas sei que muito com muito sempre dá demais. E talvez, pelo menos no Brasil, esteja começando a faltar pessoas suficientemente “qualquer coisa que não seja bonita”. Por isso, faça um favor à nossa espécie: de vez em quando, volte àqueles primórdios da nossa sociedade, em que a “beleza”, e não a “beleza extraordinária”, bastava. Desse modo você até poderá ser sincero ao responder aquela perguntinha lá em cima do modo mais agradável – Claro que sim, meu bem.

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