quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Loja de brinquedos para adultos

Capítulo 2 para quem não leu e quiser acompanhar

Primeiro: eu gostaria de pedir desculpa, faz 2/3 semanas que eu fiquei de postar a continuação do conto e acabei não continuando
Segundo: para me redimir vou postar dois capítulos hoje, o terceiro e o quarto.

Boa leitura.

Capítulo 3 - Dois-em-um: vagina e ânus, em silicone e látex

"Ai, meu Deus, será que dói?", cantarola a garota, balançando a cabeça esportivamente. Todos parecem se movimentar com maior naturalidade dentro da loja, embora ela continue a olhar apenas para o vendedor e para as prateleiras que guardam uma variedade de duas centenas de brinquedos para jogos do amor. Numa ponta do balcão, um rapaz com aparência de office-boy namora a capa de um vídeo intitulado 30 machos para Sandy. Na outra ponta, o executivo de terno cinza já desisitiu do alongador de pênis e agora está entretido com uma geringonça muito mais mirabolante: um conjunto de vágina e ânus numa massa de silicone e látex cor de pele, reproduzindo um corte dramático num corpor feminino. A peça de três quilos e trinta centimetros de altura tem dois canais independentes para penetração e vibrador com várias velocidades. Custa por volta de trezentos reais e é muito funcional, como sussurrou o vendendor num tom brincalhão ao lhe passar o objeto. "É o essencial de uma mulher e você não precisa levar pra jantar, nem dar presentes no dia dos namorados".
Depois de vinte minutos no sex shop, a garota olha o relógio mais uma vez e devolve o adstrigente, "não vou levar não, preciso antes consultar as bases lá em casa", diz enigmática. Falta apenas um conjunto de prateleiras para ela vasculhar - aquele que estão enfileirados os vibradores em forma de pênis. O vendedor inclina o corpo e prepara a estocada final - "Temos vibradores de silicone maciço fabricados em Los Angeles, Frankfurt e Hong Kong, a partir de duzentos e cinquenta reais. Aceitamos cheque pré-datado, cartão..."

Capítulo 4 - Um alentado pinto de vinil, cor de laranja

A garota não sorri mais e os diálogos agora são mais rápidos. Ela pede para ver um pênis alaranjado, que manuseia com cuidado, apertando nas pontas. "Esse é nacional, de vinil injetado", informa o vendedor. "Sai bem mais barato, setenta reais..." A garota faz uma contra-oferta, "dou cinquenta...". Negócio fechado.
Quando ela sai, mais ligeira do que entrou, o vendedor da um peteleco no tampo de vidro do balcão, "ufa, essa custou, mas eu sabia desde o início que ia vender um pinto para menina". Com a boca torcida, o vendedor faz uma expressão de prazer ao introduzir o cheque no bolso da camisa, aos pouquinhos. "Desse negócio eu entendo", congratula-se ele, aproveitando o momento em que a loja está vazia de fregueses.
O vendedor, um gaúcho de 29 anos chamado Milton, é na verdade o dono da sex shop. Mais que isso: apesar da sua aparência humilde, com os cabelos pretos e curtos penteados curiosamente para frente. Milton começa a esplahar uma rede de lojas em São Paulo - além dessa daqui e de outra a duas quadras de distância, num dos pontos comerciais mais nobres dos Jardins, ele abriu recentemente mais um estabelecimento no bairro classe média do Sumaré, não muito longe dali. "São lojas discretas, sem aquelas fachadas pretas e o clima pesado das sex shops do centro da cidade", orgulha-se o proprietário, que toca o negócio com dois outros vendedores e mais a mulher, Eunice, uma loira do rosto redondo e olhos azuis, com quem tem uma filha de 5 anos. Essa pequena e aguerrida equipe que vive se revezando nos três endereços, procura dar um toque quase familiar no atendimento à clientela - ou, no mínimo, um tratamento adequado as diferentes necessidades de cada um que decide cruzar a porta de entrada de uma sex shop.
"Boa sacanagem!", disse Milton, por exemplo, ao se despedir alegremente de um freguês que levou um pênis de silicone de trezentos e cinquenta reais no fim da tarde.
Ele tomou essa liberdade porque reparou bem no cliente - um rapaz muito bem vestido, com um sobretudo negro fechado até o pescoço, sapatos possilvelmente ingleses, óculos com lentes verdes quadradinhas e sem o menor traço visível de homossexualidade. Milton concluiu que o rapaz buscava o acessório para um festinha mais animada com algumas garotas e parece ter acertado na mosca. O cliente nes discutiu o preço (receberia um desconto de até cem reais, se soubesse chorar) e ainda assim saiu feliz da vida, com seu volumoso embrulho no bolso do sobretudo.
Para um cavalheiro ou uma senhora que entre na loja com um ar mais sombrio, constrangido até, Milton reserva um tratamento mais respeitoso, de fundo psicológico. O vendedor não faz qualquer pergunta embaraçosa, mas está sempre pronto para ajudar no que for preciso. Problemas de ejaculação precoce? Frigides? Tédio na relação? As sombrancelhas do empresário erótico se juntam, numa expressão solidária e compreensiva de quem pode ter a solução para quase tudo, em seu mundo mágico de carinhos movidos a pilhas e de aditivos para os sentidos mais variados.
- Querro valar sobre um endurecedor de pênis que comprrei de vocês - diz um sujeito com forte sotaque alemão
- Pois não - atende Milton
- Non vunciona
Milton junta as sombrancelhas e faz um gesto mudo de reprovação para Américo, o vendedor que divide com ele o atendimento na loja. Pela descrição do produto, é natural que não funcione: em vez de enrijecedor, Américo deve ter embrulhado por engano um lubrificante anal. Milton sugere a troca do preparado, sem entrar em maiores detalhes e o alemão parece satisfeito.
Muita gente vai em uma sex shop em busca de milagres. A ilusão mais comum é imaginar que existe uma poção para excitar as garotas quimicamente - até existe um preparado em conta-gotas chamado Tatty, que supostamente provocaria esse efeito. O distinto freguês levaria sua musa a um bar, por exemplo, e quando ela fosse retocar a maquiagem no toalete ele pingaria algumas gotas do preparado no seu drinque; a garota voltaria, tomaria alguns goles e começaria a arder de desejo, como uma vela de sete dias. "É tudo balela", reconhece Milton. "A fórmula tem bastante álcool e deixa a bebida mais forte, só isso". Para não ser acusado de enganar os consumidores, Milton retirou o Tatty das prateleiras de sua loja, mas achaa sinceramente que o produto não fazia mal - pelo contrário, poderia até ajudar de forma indireta o casal a se desinibir. "Sexo tem muito de cabeça. Se um sujeito acredita que alguma coisa começou a mexer com sua garota, ele pode ganahr coragem e ousar mais do que faria normalmente. Se for bem aceito, vai atribuir o sucesso ao preparado."


Continua na próxima quarta - Capítulo 5 - Parece uma vulva, mas...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Loja de brinquedos para adultos

Capitulo 1 - Quem não leu e quer acompanhar clique aqui

Capitulo 2 - Poção mágica para restaurar a virgindade perdida


Ela se aproxima com seu sorriso de dentes pequenos, que expõe um pouco da gengiva. É uma garota bonita, de atraiar a atenção masculina mesmo fora de uma sex shop. Tem perto de 1,70 metro de altura, cabelos negros e longos que caem sobre um corpo harmonio apertado por um vestido curto xadrez. Olhos claros, uma meia calça branca realça as pernas bem feitas e uma camiseta de mangas compridas, igualmente branca, acompanha a linha dos seios pequenos e firmes. "Sou louca por lingeries", informa ao se apoiar no balcão do vidro.

A garota parace nervosa, porque fala pelos cotovelos. Talvez esteja preocupada em preencher os espaços sonoros, para que ninguém tenha tempo de pensar bobagem dela num intervalo de silêncio dentro da loja. "Não, branca não", diz, recusando o primeiro lote de peças que o vendedor espalha por cima do tampo de vidro, formando um mar de rendas sintéticas. "Só uso lingerie preta ou vermelha." O vendedor estala dois dedos, feito astanholas e mergulha atrás do balcão. A garota segue falando no rumo em que ele sumiu. "Queria ver se vocês tem algum modelo diferente, mas original... Para o meu namorado tanto faz a cor, sabe? Ele é daltônico. Mas eu não uso branca nunca, nunca. Não gosto." O vendedor volta à tona com uma preciosidade que conseguiu pescar no fundo de uma prateleira: um conjunto de calcinha e sutiã de couro.

Ela ri, não se assusta com o preço - oitenta reais - e decide experimentar as peças num provador improvisado no banheiro da loja. Quando volta, tem uma ar desolado. "Ficaria ótimo, mas falta um elástico na parte de cima do sutiã que cai como uma aba", explica para o vendedor, que também lamenta o problema. A garota olha o relógio, que marca uma e meia da tarde e dá um passo na direção da porta, se desculpando pelo tempo que tomou. O vendedor sugere que ela conheça o resto da loja, já que está lá. A garota hesita, mas por fim aceita visitar o balcãos das pomadas e perfumes afrodisíacos. "Mulher é muito curiosa, sabe?" Abre e fecha frascos com líquidos roxos, verdes e amarelos, loções e cremes para quase tudo - um excitante vaginal, um preparado para retardar a ejaculação , um lubrificante para relação anal. - "Divertido!", diz a cada novidade. Está encantadas particularmente com o produto chamado Vagi Sept, que repete a fórmula do Virgin Again, um preparado que fez sucesso no mercado de artigos eróticos com a promessa de restaurar a virgindade de mulheres já experientes. "Mas vai doer como da primeira vez?", pergunta a garota, que está cada vez mais solta na loja. O vendedor esclarece que o segredo da fórmula é um adstrigente que serve para contrair os tecidos da região vaginal, de modo a dificultar a penetração. E custa só cinquenta reais.

Continua no próximo episódio. Próxima quarta. Acompanhem

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Loja de brinquedos para adultos

Capitulo 1 - Bastidores e cenas picantes numa loja de artigos eróticos no coração dos Jardins, em São Paulo
A garota desce três degraus de madeira na ponta dos pés e se vê sobre um tapete persa ilegítimo, mas bem conservado. Ela usa óculos com armação de gatinho e, por trás das lentes grossas, pisca várias vezes para acostumar a visão à penumbra da loja. Peixinhos vermelhos nadam num áquario às suas costas. Dois metros acima, o teto está todo coberto por um tecido com estampas de flores, em tons delicados de rosa e verde. Entre os arabescos do tapete no chão e as flores do teto, pendem da parede cabides com sutiãs de couro preto perfurados com tachinhas de latão, algemas, chicotinhos, uma coleira para pescoços humanos e um tapa-sexo com argolas de metal. Ao longe, descendo mais um lance de escadas, sob uma luz azulada de neón, destacam-se os contornos de vibradores em forma de pênism, enfileirados numa prateleira como soldadinhos de plástico prontos para uma guerra de meninos. "Oi", sorri a garota para o vendedor. "Sabe o que eu gostaria de ver?" Ainda silencioso, o vendedor faz um gesto amplo, englobando por um instante a coleção de pênis, a seção de pomadas milagrosas e o balcão dos vídeos em que belas atrizes transam com rapazes musculosos, com outras mulheres e com cachorros.
"Eu gostaria de ver o que você tem em lingeries", esclarece a garota, desfazendo parte do suspense que se espalhou num instante pela loja. Um executivo de terno cinza manipula um suposto alongador de pênis fabricado na Alemanha, uma engenhoca que lembra algo entre um tubo de ensaio gigante e uma bomba de encher pneu de bicicleta. O executivo está de costas para a récem-chegada e não faz qualquer movimento desde que ouviu sua voz, segundos atrás. Mas a tensão é desnecessária, porque a garota não olha para canto nenhum. Não olha para mais ninguém, exceto o vendedor.



continua no próximo episódio. Voltem.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Cronograma

- Segunda - Curiosidades


- Terça - Novidades (e caderno leitura, as vezes)


- Quarta
- Capítulos de alguns contos


- Quinta
- Crônicas e Poemas (by Uriel)


- Sexta
- Noticias pelo país (ou não)


- Sábado
- Humor (caderno piadas e figuras)


- Domingo - Retrospectiva futebolística (do que eu me lembrar)

Eleições 2008

Como hoje é sexta-feira, tenho que colocar algo que importe a todos ou não importe a ninguém, então vamos falar de eleição e corrupção que é algo que chama atenção.

Juiz manda arquivar pedido de impugnação contra Maluf

PPS recorreu ao TRE de SP contra decisão da 1ª instância.
Partido alega que ex-prefeito responde a ações penais.




O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo decidiu manter o registro da candidatura do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e de sua vice, a deputada federal Aline Corrêa.
O magistrado mandou arquivar a ação de impugnação apresentada em 17 de julho pelo PPS, partido da vereadora e também candidata a prefeita Soninha Francine.
De acordo com a assessoria de imprensa do PPS, o partido recorreu nesta semana ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Na ação, o PPS alegou que Maluf "responde a ações penais e diversas ações por improbidade administrativa" e que, portanto, não tem condições para ser eleito.
O pedido de impugnação, assinado pelo presidente do PPS paulista, Carlos Fernandes, deu entrada na 1ª Zona Eleitoral da capital em 15 de julho.

Segundo o PPS, nas certidões apresentadas por Maluf não é possível verificar se o candidato teve alguma condenação. No requerimento, o partido considera que Paulo Maluf "não tem condição de elegibilidade implícita". "[O candidato não apresenta] condição de elegibilidade implícita, qual seja, vida pregressa compatível com o exercício de cargo eletivo", afirmou.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Volta as aulas...

... volta as postagens.
Poizé pessoalzinho que me mandou emails e reclamou por eu não ter postado nada no último mês, eu estava de férias, minha cabeça também e, consequentemente, meu blog também. Todos eles. Mas agora eu voltei, e só paro de postar nas próximas férias, até lá pretendo postar (quase) diariamente.
Como minha cabeça voltou a funcionar então eu resolvi voltar a postar, minhas aulas começaram ontem, mas eu tava muito cansado ontem e hoje eu to cheio de idéias.

Primeiro: Vou fazer um cronograma do que postar diariamente
Segundo: Saíram três matérias minhas no maior jornal da faculdade (muuito feeeliz *.*)
Terceiro: Espero que ninguém tenha me abandonado. E que os feeds voltem a funcionar \o/

Começando pelo cronograma, possivelmente ele mude com o tempo, mas inicialmente vai ser assim. Meu cronograma vai ser como um caderno de jornal, só pra manter o clima "jornalístico"
- Segunda - Curiosidades
- Terça - Novidades (e caderno leitura, as vezes)
- Quarta - Capítulos de alguns contos
- Quinta - Crônicas e Poemas (by Uriel)
- Sexta - Noticias pelo país (ou não)
- Sábado - Humor (caderno piadas e figuras)
- Domingo - Retrospectiva futebolística (do que eu me lembrar)

Possivelmente eu pule alguns dias, mas como hoje é quinta, eu vou colocar a crônica que eu escrevi e foi parar no jornal da faculdade. Aproveitem.

BELEZA DEMAIS TEM E SOBRA


Benhê, tô bonita? – Se você já ouviu, ou mesmo disse isso, sabe que, apesar de ser bastante agradável à visão, a beleza pode fazer muito mal aos ouvidos. E ao cérebro. Não que todo bonito seja estúpido ou todo inteligente seja feio. Não é essa a questão. A questão é que a máxima de que “beleza nunca é demais” tornou-se indiscutível. E, bem, talvez seja a hora de colocar um ponto de interrogação na frente dela.

Antes de começar a criticar o estereotipo dos bonitos-acerebrados, pare para pensar: ser bonito não é nada fácil. Nascer bonito sim, é fácil. Mas há muito tempo aquela beleza natural, que não precisa de retoques, deixou de ser suficiente. Os padrões de beleza estão cada vez mais altos e os olhos, mais exigentes. E agradar os olhos alheios é algo que exige muito tempo, paciência, dinheiro e dedicação. Ser o mais bonito então, nem se fala. Ou melhor, fala-se. Fala-se tanto que até Darwin, há mais de um século atrás, falava a respeito.

O homem é um animal (pode parecer uma afirmação óbvia, mas ainda faz doer os ouvidos de muita gente). E como animais dentro de um processo de seleção natural, fazemos de tudo para ser os melhores. Seja o melhor atleta, o mais agradável, o mais inteligente, o mais engraçado ou mesmo, o mais estúpido, todos querem ser o “mais”. Por isso, é natural alguns quererem ser os mais bonitos. Alguns, mas não todos. Quando a prioridade de uma sociedade inteira passa a ser uma só, devemos admitir, há algo errado com a nossa espécie.

Não se pode ser o mais bonito e o mais inteligente. Não se trata de preconceito, trata-se de uma afirmação prática. Para ser o mais bonito você precisa dedicar muito do seu tempo a isso e para ser inteligente também. Posso não ser o melhor em exatas, mas sei que muito com muito sempre dá demais. E talvez, pelo menos no Brasil, esteja começando a faltar pessoas suficientemente “qualquer coisa que não seja bonita”. Por isso, faça um favor à nossa espécie: de vez em quando, volte àqueles primórdios da nossa sociedade, em que a “beleza”, e não a “beleza extraordinária”, bastava. Desse modo você até poderá ser sincero ao responder aquela perguntinha lá em cima do modo mais agradável – Claro que sim, meu bem.


Essa crônica foi escrita no início de março, logo que comecei com o jornalismo e eu tive a ajuda e a correção da minha querida professora Lisete Ghiggi, o jornal foi fechado em março ainda, mas só foi impresso em junho, o que é uma pena :/

domingo, 22 de junho de 2008

Funciona pra alguns...

- Onde você está indo com esse cartaz escrito “Fora Bush”?
- Para uma passeata. Vamos?
- Legal. Onde vai ser?
- Na Avenida Paulista.
- Ah, é lá que ele vai ficar hospedado?
- Não é não.
- E como é que ele vai ver o cartaz?
- Talvez na televisão.
- Ah, vai passar na CNN?
- É provável que não.
- Na HBO?
- Não.
- Na Sony?
- Não. Em nenhuma dessas, ok? Talvez passe na Globo. Está contente agora?
- O presidente dos Estados Unidos assiste a Globo?
- Não sei.
- E nem vai procurar saber?
- Não, não vou. Olha aqui, vai que o cartaz sai na capa de um jornal e a Condoleezza compra um exemplar para o Bush.
- Hum, tudo bem. Se ele souber ler português...
- Se ele não souber, alguém que sabe lê para ele, ok?
- Mas aí ele já não vai estar fora? De que vai adiantar?
- Vai adiantar que ele saberá que nós não gostamos dele.
- Nós quem?
- O pessoal da passeata.
- E porque ele iria querer que o pessoal da passeata gostasse dele?
- Porque nós somos o Brasil.
- O pessoal da passeata é o Brasil? Espera aí, quantas pessoas você disse que vão mesmo?
- Não são muitas. É apenas uma representação do Brasil, entende?
- Mas não é o presidente que representa o Brasil?
- É, mas ele não está fazendo isso direito. Está muito ocupado atendendo os interesses políticos dos mensaleiros.
- E não é errado?
- É.
- Então por que você não faz um cartaz para protestar contra isso?
- Ora, não seja tolo. Até parece que não sabe que esse tipo de coisa não funciona!

quer ser meu amigo?

- Posso ser sua amiga?
- Não, você me paga para que eu seja seu amigo.
- Não é verdade. Se eu não posso ser sua amiga, então você não gosta de mim.
- Você não precisa que eu goste de você. Você precisa que eu te ouça.
- Você desgosta tanto do que ouve? Caso contrário deixaria que eu fosse sua amiga.
- Na verdade eu não te ouço. Mas finjo te ouvir como ninguém.
- Eu não preciso pagar para que alguém finja me ouvir.
- Não?
- Não. Eu posso pedir para que meus amigos façam isso.
- Sim, pode. Mas seus amigos te cobrariam mais que eu.
- Eles não me cobrariam dinheiro.
- Não. Eles cobrariam que você fingisse ouvi-los também. Ou mais, cobrariam que você os ouvisse de verdade.
- Esse é um preço que eu não posso pagar.
- Poucos podem. Hoje em dia ninguém ganha atenção o suficiente para doar.
- Culpa do governo...
- Sempre é.
- Mas você ganha bastante atenção?
- Não o suficiente para vender para você. Sabe o que é, tenho família. Mulher e filhos.
- Então o que você me vende?
- Minha hora.
- E vale a pena?
- Valeu.
- Valeu?
- Valeu. A hora acabou. Até a próxima sessão.

... Jornal

Era uma vez um jornal. Em cima dele, um teto empoeirado e à sua frente duas grandes olheiras. Era um belo jornal, o mais belo em muitos meses, diriam alguns. Isso devido à imagem que vinha estampada na capa. Os repórteres a chamariam de “furo” e o assassino de “vítima” . Mas ao jornal nada disso interessava. A única opinião que importava para ele era a daquela mulher desconhecida por trás das olheiras. E a reação dela foi bem diferente das esperadas.

Jornais vivem de expectativas e para ele, aquilo não era nada bom. Alguns jornais até chegavam a voltar para a banca, mas para a mesa do editor chefe, jamais.

- Minha senhora. Esse garoto é filho de uma deputada e foi cruelmente assassinado por um fugitivo perigoso. Uma bala só, certeira. Um absurdo. É por isso que ele está na capa do nosso jornal. Porque onde houver alguma injustiça contra a sociedade...

De resto, o jornal só ouviu “blá blá blá”. Já conhecia muito bem o papo do editor, estava todo estampado com ele. Queria mesmo era ouvir o que a mulher das olheiras tinha a dizer.

- Injustiça? Injustiça é colocar no jornal a foto do garoto morto em vez da foto do meu filho. Isso aí é caso perdido. Morreu, está morto. Meu filho está perdido por aí, na mão de algum safado. Já esse garoto, todo mundo sabe onde está.

Nada daquilo fazia sentido para o jornal. Para ele, só existia um filho, o da deputada. E aquela mulher não se parecia com a deputada.

É possível que o jornal tenha ficado entretido demais com a mulher das olheiras, porque só agora via que atrás dela vinha um batalhão de pessoas. Elas carregavam cartazes com a foto de outro garoto. Segundo a mulher das olheiras, haviam utilizado a foto errada na sua capa e, graças a isso, ele era um inútil.

Isso abalou a auto-confiança do jornal. Ele mal ouviu o que falavam depois. Só conseguia pensar que entre milhares de jornais, fora o único que não cumprira sua função. Agora estava ali novamente, embaixo do teto empoeirado, esquecido no canto da mesa, enquanto aquelas pessoas se reuniam em volta de uma caixa de leite. Na falta de um jornal, foi o que puderam oferecer à mulher das olheiras.

Ao jornal parecia óbvio que uma caixa de leite não valia como jornal. Enquanto estava nas prateleiras, conheceu inúmeros leitores de jornal, mas nenhum leitor de caixa de leite. Mas a mulher das olheiras só foi perceber isso muito tempo depois, quando mais e mais caixas chegavam e não havia ninguém para tomar aquele leite.

O leite azedou, assim como a mulher das olheiras. Leite tem prazo, esperança também. E logo a mulher das olheiras desabou. As olheiras finalmente se encontraram com o jornal, misturando lágrimas grossas com tinta rala. Aquela poça, que tingia o sorriso do filho da deputada de negro marcou o encontro final do que restava de um jornal com o que restou de uma mulher.

apocalipse artistico

Quando o figurão de voz rouca anunciou a sentença em cadeia nacional, o mundo inteiro comemorou. Ou o que havia restado dele. Nesse ponto o mundo já havia se transformado em um cenário apocalíptico, era o primeiro diagnóstico com o qual todas as religiões concordavam. Um fato inédito desde o surgimento da espécie mais contraditória que já existiu.

Não há muito o que dizer do homem porque, apesar de terem demorado a admitir, nada se conhece a seu respeito. Sabe-se que o cérebro humano tem dois hemisférios, ligados pelo corpo caloso. Mas isso não significa nada. Sabe-se que a pele é o maior órgão do corpo humano. Mas isso também não significa nada. Sabe-se que os seres humanos e os chimpanzés têm 98% dos genes em comum. Mas isso significa menos ainda. O que importa mesmo são os 2%. Malditos 2%. Se não fosse por eles, o mundo ainda estaria em pé.

O grande problema foi que demoraram demais a descobrir para que serviam os tais 2%. Quando os chimpanzés começaram a resolver enigmas matemáticos e estudar espécies inferiores, já era tarde. Os artistas haviam dominado o mundo. Semanas depois, estudando cérebros dessa espécie singular, os cientistas descobriram que o que sobrava de 2% neles, faltava dos 98%. Era uma divisão simples, 1% destinado à sua arte e 1% destinado ao seu ego.

O mundo se tornou uma cópia fiel de um quadro de Picasso, e isso não no sentido figurado. Aliás, em sentido algum. Na lógica de um artista só havia um critério de avaliação de uma obra: se o autor havia sido ele ou não. E foi com essa tática de julgamento e humilhação que eles quase superaram as pessoas normais e se tornaram a raça dominante. Isso até a última reunião de países, onde o presidente da ONU decretou o extermínio de todos os artistas.

Os matemáticos comemoraram com pulinhos esquizofrênicos e os professores distribuindo boas notas à rodo, mas ninguém ousou fazer um brinde como pretexto para se encher de álcool. Isso era coisa de artista.

“Coisa de artista” passou a ser uma expressão cada vez mais rara, assim como os próprios artistas. Os que não foram capturados de início presentearam a si mesmos com mortes, por assim dizer, artísticas. Alguns pintaram seus corpos até que não houvesse um póro livre da asfixia, outros derreteram seus rostos com ácido e aproveitaram os últimos momentos para moldá-los ao seu bel prazer e, por último, havia aqueles que empalhavam uns aos outros.

O planeta-arte se transformou em um ateliê de corpos e a raça humana finalmente pôde voltar aos seus ábacos, dicionários e sistemas binários. Mas, como já foi dito, não há nada mais contraditório que o ser humano. Eles não conseguiram viver em paz. Decidiram guerrear com a espécie semelhante que, eliminados os 2% de diferença genética, passou a ser os chimpanzés. Ganhou a espécie com maior senso ético e moral.

Foi assim que os chimpanzés dominaram o mundo. Eliminaram todos os humanos e se tornaram a espécie mais inteligente, perdendo para os golfinhos por apenas 2%. Mas não seria assim por muito tempo. Um dia, um chimpanzé descobriu uma velha lata de tinta, molhou o dedo e esfregou em uma árvore. Estava dada a sentença de extinção da raça.

...

Não se sabe bem e ao certo
Que doença ele tem,
Mas a fofoca no inferno
É que o Diabo não está bem.

Foi aí que começou
A balbúrdia no Além.
Se o tinhoso sai em férias,
É preciso entrar alguém.

O Diabo está cabreiro.
É um medo que ele tem:
Ver seu reino dominado
Pelo cara de Belém.

Pôs anúncio no jornal
Pra tentar achar alguém:
“Inimigos na caldeira.
Diabinhas no harém”.

Primeiro chegou o Lula,
“Masss” havia um porém.
Pra dar ordens no inferno,
É preciso falar bem.

O Maluf trouxe idéias:
Uma ponte e um trem.
“Pra cair na minha cabeça?
Cê nem vem que aqui não tem”.

Fernando Henrique tinha planos,
Privatizar todo o Além.
“Fazer cotas do inferno?!
E vender pra Jerusalém?!”.

Roberto Jefferson tem talento
Mas a boca não contém
Num discurso tão maldoso
Terminar dizendo “Amém”?

O Bush era renomado,
Mas o Diabo não quis também.
“O homem pode ser mau,
mas matou Saddam Hussein”.

Acabaram-se os candidatos
E o Diabo não achou ninguém
Todo político quer ser ele
Todo político está aquém.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Viver pra morrer? Morrer por viver?

Em 11 de junho de 1963, um homem de saia marchava pela rua. Olhava para a frente com profunda concentração, como fazemos quando nossa mente está ausente. Mas a sua não estava. Completamente consciente de si e transparecendo uma tranqüilidade invejável, o homem, ignorando o tráfego, sentou-se no meio da rua, cruzou as pernas e fechou os olhos. Após alguns minutos de silêncio, o homem agarrou o pequeno galão ao seu lado e se batizou com o conteúdo. Enfim, acionou o aparelhinho em sua mão e colocou fogo em si mesmo. As labaredas atraíram todo um contingente de pessoas, de policiais armados a motoristas curiosos. Mas o que mais surpreendeu a multidão não foi o fogo em si, mas o fato de que, apesar de todo estrago que fazia, consumindo o homem até a morte, ele permaneceu em seu lugar, simplesmente, impassível.

Um dia depois centenas de jornais ocidentais brigavam pela foto do monge vietnamita em chamas, protestando contra o governo de seu país. O objetivo era dar àquele homem a primeira capa e imortalizar seu ato de coragem. Por um dia. Por um dia seus inimigos seriam inimigos do mundo inteiro. Mas apenas por um dia, porque amanhã, depois de desgastado o assunto, estaríamos à caça de outro inimigo, seja ele um seqüestrador de criancinhas, um político italiano ou o governo russo. E assim tem sido há muito tempo por aqui: heróis e vilões descartáveis, uma grande batalha contra sabe-se-lá-quem.

Enquanto esse e outros monges lutam pelo que acham justo, a nós, pobres ocidentais brasileiros, falta contra o que lutar. Não, nós não temos um inimigo em comum. Não saímos por aí ateando fogo em nós mesmos porque não temos coragem. Não fazemos isso porque não temos porquê. Não um porquê de verdade, só um monte de porquês inventados. Nossa luta é contra um assassino de uma vítima desconhecida, contra o seqüestrador de uma criança que jamais encontraremos, contra um governo que achamos mais ou menos. Tudo por aqui é mais ou menos, nada é bom o suficiente pra virar heroísmo. Nada é ruim o suficiente para causar a revolta geral. E a revolta, brasileiros, a revolta é indispensável. Todas as grandes conquistas da humanidade foram feitas na revolta. Mesmo para um monge que viveu na paz, o auge da vida foi na revolta. Afinal, enquanto a paz nos dá um porquê para sobreviver, a revolta nos dá um porquê para morrer. E quem não tem pelo que morrer, não tem pelo que viver.

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Protótipo de um Jornalista

quarta-feira, 28 de maio de 2008

propagandas

Depois das últimas postagens, admito que ando meio parado. Minha criatividade não tem ajudado muito então já que não tenho o que fazer, nem uqe postar. Resolvi inovar. Vou fazer propagandas.

Vocês tão vendo os blogs do ladinho ali? Todos eles são bons, espero que vocês também deêm uma passada por lá e não fiquem só aqui no meu. Porque meus amigos e parceiros ficariam muito felizes com a visita de vocês lá.
Primeira propaganda feita.

Agora propagando da comunidade do blog. Queria convocar aqueles que gostam do blog, que acompanham mesmo sem comentar a entrar na comunidade. Protótipo de um Jornalista no Orkut
Participem lá, é visivel que o blog, não é nada famoso. Não tem nada de especial, mas pelo fato de eu nem saber mexer em HTML e nem nada. Se eu tivesse alguém que ensinasse, com certeza transformaria esse blog em algo muito acessível e bonito. Mas por enquanto eu me contento com as postagem.
Segunda propaganda feita.

Se vocês descerem um pouco mais, vão ver que eu separo as cinco melhores postagens do mês. Gostaria também que vocês dessem uma olhada e se possível, comentassem. Eu gosto quando vocês comentam faz bem pro meu humor e eu me sinto notado pela sociedade da blogosfera.
Terceira propaganda feita.

Tenho também uma banda, nós não temos nenhum mp3 na internet ainda porque não tivemos tempo pra colocar. Dia 20 de julho vamos fazer um show. Nosso primeiro show, num bar. Temos algumas letras no site do vagalume é só clicar no link que te leva direto pra página das nossas músicas, também temos uma página no Bandas Gaúchas e ainda por cima uma comunidade no orkut, convoco vocês para participar tbm, caso gostem das letras. O nome da banda é NumaNice. Que vem de NumaBoa, caso não entendam.
Quarta propaganda feita.

Espero que comentem. E que participem das minhas propagandas. Gostaram? Eu confesso que achei horrivel não ter criatividade pra postar algo decente. Não deixem de clicar nos links!

Disso era isso e uma boa semana a todos. E não esqueçam, façam propaganda deste humilde blog.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Refutata et Fugue pt. 3

Lentamente, o Sr. Parker levantou-se e, retirando os óculos, disse:
- Sinto muito, Sr. Gable.
- Kal.
- Não, nada de Kal. Clark Gable, Grace Kelly, ou qualquer que seja seu nome, eu sinto muito, mas o senhor não pode ser o Super Homem!
Frente a isso o Sr. Gable levantou-se, francamente injuriado:
- Com o quê!! E quem o senhor pensa que é, para me tratar desse jeito? Por que o senhor pensa que tem o direito de me dizer quem eu sou ou deixo de ser, hein? Seu charlatão!
- Porque... – começou, rompendo com as mãos a camisa abotoada, revelando o collant azul com um S vermelho no peito, inscrito num diamantóide vermelho de fundo amarelo:
- ... EU sou o Super-Homem!
E saiu voando pela janela.


Oito da manhã. PÉÉÉÉÉÉÉM. Daryl Parker, ainda exausto, desliga o despertador sem que chegasse a acordar completamente. Apenas uns cinco minutos depois é que levanta, ao som de uma sirene. “Psychologist? What the fuck was that all about? ”, pensou, mas já estava atrasado e, enquanto vestia o uniforme, o sonho foi se apagando da memória. Deu pãozinho molhado para Júpiter e, quando já ia saindo, resolveu parar um momento, em frente à janela aberta de seu pequeno apartamento. Observando as pessoas lá embaixo, pensou, “Maybe there is an exit, after all”. Depois de alguns segundos de hesitação, subiu no parapeito. Hesitou um pouco mais e, melancólico,. deixou-se cair.
As janelas dos edifícios sucediam-se rapidamente na queda, todas iguais. Os transeuntes aumentavam de tamanho vertiginosamente. Mas eis que, justamente nessa situação insólita, ele sentiu que, na verdade, adorava o que fazia. Adorava sua vida, e amaldiçoou seu pensamento anterior. Num gesto hábil, ele contraiu o antebraço, formando um “hang loose” com a mão direita, grudando uma teia no alto do prédio vizinho. Arqueou e subiu de novo, seguindo as sirenes. Hora de salvar alguns traseiros.

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FIM, espero que tenham gostado.

sábado, 24 de maio de 2008

Refutata et Fugue pt. 2

Ok, so you wanna play?! Pensou Daryl Parker. Já havia atendido a pacientes desse tipo e, perito em técnicas de entrevista como era, conseguira abafar a estupefação, recompondo-se rapidamente. Era um jogo que ele conhecia bem. Let’s play, motherfucker.
- Mas o Super-Homem voa rápido. Por que o senhor se atrasou tanto?
- Perdi meus poderes. Está vendo o gesso? Caí de um telhado.
- Caiu de um telhado? Hum... diga-me, Sr. Gable, o senhor tem se sentido um pouco... pra baixo, talvez?
- Embaixo, na verdade.
- Deprimido, quero dizer?
- Pelo contrário. Nunca me senti tão ansioso. É por isso que estou aqui!
- Aaahh, é por isso...
Ops, hora de calar-se. O Sr.Parker já estava à beira de deslizar no anti-profissionalismo. Ok, let’s talk some fucking sense here. Levantou-se e lentamente caminhou até a janela.
- Sr. Gable, olhe pela janela, por favor.
- Sim. O que que tem?
- Por acaso o senhor está vendo as Torres Gêmeas?
- Não, não estou.
- Nem eu. Sabe por quê?!
- Não, por quê.
- PORQUE ESTAMOS EM NOVA IORQUE, É POR ISSO!!!
À luz de tal argumento, Clark Gable pareceu bastante confuso. Pouco depois, Daryl Parker juntou-se a ele, e os dois ficaram a olhar para o lado com expressão de espanto.
- Quero dizer, já passamos de 2001. O Super-Homem deveria ter uns 70 anos. No entanto, olhe para você!
- Na verdade, faço 103 semana que vem. Obviamente, eu não envelheço como vocês, humanos.
- De qualquer forma, o Super-Homem é de Metrópolis.
- Não, sou de Krypton. E sou um homem do mundo. Acontece apenas que eu perdi meus poderes em Nova Iorque.
“Sure, and ‘I Left My Heart In San Francisco’”, pensou Daryl Parker, maldosamente.
- Com perdão, Sr. Gable, mas…
- Pode me chamar de Kal.
- Ok, Kal. E como foi que perdeu seus poderes?
- Desconfio que haja uma conspiração para encherem o planeta de kryptonita. E já tenho alguns suspeitos.
Passados mais alguns minutos de conversa à mesa, a postura do Dr. Parker havia mudado, pois ele começava a acreditar que o pobre homem realmente pensava ser o Super-Homem, ao invés de meramente fantasiar para chamar atenção.
- Ok, Kal, mas acontece que o Super-Homem é um personagem de quadrinhos, criado por...
- Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1932. Eu sei bem disso. Acaso me toma por um maluco?
- Não, Kal, de forma alguma. Mas como você explica essa “coincidência”?
- Não é coincidência. Eles eram meus amigos íntimos, os únicos que conheciam minha verdadeira identidade, além de minha tia May. Eram pessoas riquíssimas, donos de um belo pedaço de terra em Las Vegas e, não obstante, humildes e de bom coração. Mas eis que um tal Sr. Richard Alexander Luthor, empreiteiro ambicioso, desenvolveu um coquetel homeopático que mesmerizou-lhes, obrigando-os a doar suas terras a ele que, em seguida, apagou suas memórias! Posteriormente, porém, passaram a escrever histórias que, inconscientemente, representavam de forma simbólica, mais ou menos fidedigna, o que se passava de fato!
- Entendo. Mas, diga-me, como ninguém nunca viu nem ouviu falar de um “verdadeiro” Super-Homem?
- Sou discreto.
- Não me parece muito discreto revelar-me sua identidade!
- Ei, e quanto ao sigilo profissional? Por que você acha que o Batman e a Mulher-Maravilha se casaram com seus terapeutas? Aliás... fiquei um pouco desapontado quando cheguei. Eu pensei que o senhor fosse uma mulher e...
Justo no momento em que a conversa estava ficando especialmente bizarra, pôde-se ouvir o som crescente de uma sirene. Bombeiros. Fogo. O Sr. Gable calou-se e fechou o semblante.

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Continua no próximo episódio

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Refutata et Fugue pt. 1

Lenta e dolorosamente, o jovem doutor Daryl Parker levantou cedo para outro dia de trabalho. Oh, shit, pensou. Enquanto se arrastava por dois metros até a cozinha, sentia os músculos fatigados. Comera uns waffles mecanicamente, com os olhos ardendo e o pensamento obnubilado, como se estivesse apenas sonhando que havia acordado. “Muito trabalho e pouca recompensa, hein, querida?”, resmungara para sua "cágada" Júpiter, a qual lhe fitava impassivelmente, a mastigar um naco de pão molhado.
Acomodou-se na poltrona de seu consultório às nove e quinze. Ao que parece, seu primeiro paciente estava ainda mais atrasado que ele próprio. Ligou o laptop e começou um Paciência, modo Las Vegas. Always the best, é o que costumava pensar. Nove e vinte e: PAM! Você perdeu – não há novas possibilidades. Aquele maldito sonzinho, Pam! Desapontado com a surpreendente derrota, recostou-se na poltrona e viu uma aranha branquela, asquerosa, passeando na mesa. “Whatta hell!!”. Por Deus, era a aranha mais horrível que já vira. “Shit, that damn bug could be Franz Fuckin’ Kafka, for fuck’s sake!”, pensara, desnudando sua infância no Brooklin a um eventual telepata que estivesse nas redondezas. “Or maybe myself... ”, concluíra, melancólico, enquanto enrolava um exemplar do American Journal of Psychology. Caceteara o “inseto” quando fez um PÉÉÉÉÉÉÉM. Era a campainha.
Adentrara aos tropeços o consultório um belo homem de uns 30 e poucos, branco e alto, de cabelos pretos curtos e franja em S. Perscrutava os arredores com olhos inseguros, por trás daqueles grandes óculos que ele ajeitava com o indicador esquerdo, já que o braço direito estava imobilizado. Convidara-o a sentar-se, acrescentando:
- Pois bem, senhor... Gable. É isso?
O jovem homem anuiu timidamente.
- Clark Gable? Como o ator?
- S-sim, mas... bem, isso é um pouco embaraçoso. Esse é um, digamos, pseudônimo.
- Ah, então o senhor é escritor?
- Não exatamente. Sou jornalista.
- Hum... muito bem. E qual é então, seu nome verdadeiro, Mr. Mystery Man?
- C-como adivinhou meu nome?
Daryl Parker lançou-lhe um olhar confuso, vacilante. Um segundo depois, porém, o intrigante homem abriu um sorriso e respondeu, movendo a mão para frente como quem diz “ora, vamos”:
- Ora, vamos! Hehehe. Meu nome verdadeiro é Kal-el!
Dessa vez os dois riram alto, e Daryl Parker até batia as mãos na mesa, divertido. E então, Kal-el ficou subitamente sério e disse:
- Bem, mas é sério. Kal-el.
- Desculpe, mas... esse é o Flash. Não, não. É o Super-Homem, certo?
- Certo. Eu SOU o Super-Homem.


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Continua no próximo episódio.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

pra camila...

quem dera eu saber
em quais noites eternas
se despirás do manto vermelho
para confundir-se com minhas pernas
embriagando-me com o azul dos teus olhos
saboreando teus lábios canibais
pisando em nuvens
divergindo ideais
paixão e nada mais
quem dera eu ter
em algum sonho qualquer
sua face rosada
colada em meu rosto
sentir teu cheiro, teu gosto
prometendo que, haja o que houver
me olhará sempre descrente
embaralhando a minha mente
e ouvirás docemente
os poemas que eu te fizer

Vi a morte de perto...

Ela me convidou para ir na casa dela,
recusei o convite,outro dia eu vou,
quando estiver morto de verdade.

Menina...

Menina, meu doce
Se me amas
Degusta-me tal qual fosse

Pedido

De repente cai
Pela pálpebra - um cílio -
Faça um pedido!...

Serei...

Serei um vulcão
Quando te encontrar
E você me amar

Sede de amor

Aberta sessão haikais.
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Furia voraz
afagos devassos
sede de amor

...

Tempo demais sem postar, criatividade de menos pra escrever. Admito que fiquei triste com tão poucos comentários no outros post. Mas isso a gente passa por cima! Vo mudar um pouquinho. Vo deixar um Haikai aqui.
Pra quem não sabe, Haikais são poemas japoneses de 3 frases. Ou algo assim.

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E perguntaram

"fugir-lhe diz solução?"
respondi que sim

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Vida injusta

Nós não somos donos do Wall-Mart. Nós não herdamos o Wall-Mart quando nascemos. Nós não pegávamos comida de graça no Wall-Mart quando pequenos. Nós não éramos donos do Wall-Mart quando enfrentamos o governo por um pedaço da terra alheia. Também não éramos donos do Wall-Mart quando começamos a plantar laranjas nessa terra. E continuamos não sendo donos do Wall-Mart quando as laranjas deram um lucro pequeno, apenas para nossa sobrevivência.
Mas o dono do Wall-Mart também não nasceu dono do Wall-Mart. E pode-se dizer que permaneceu assim por um bom tempo. Afinal, o dono do Wall-Mart não era dono do Wall-Mart quando aprendeu o valor do trabalho. O dono do Wall-Mart não era dono do Wall-Mart quando vendeu sua primeira laranja. O dono do Wall-Mart não era dono do Wall-Mart quando usou o dinheiro da laranja para comprar mais laranjas. E o dono do Wall-Mart também não era dono do Wall-Mart quando comprou uma fazenda e investiu o dinheiro de suas plantações.
O dono do Wall-Mart nunca foi muito diferente da gente. Pois é aí que percebemos que a única diferença entre o dono do Wall-Mart e nós é o que fazer com as laranjas. Enquanto nós jogávamos as laranjas nos donos do Wall-Mart da vida clamando por justiça, o dono do Wall-Mart usava as laranjas para tornar-se o dono do Wall-Mart. Como a vida é injusta.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Justificativa

Sem sentido não, surrealista.
Sem imaginação não, concretista.
Sem noção não, modernista.
Sem humildade não, romantista.
Sem paixão não, realista.
Sem trabalho não, blogueiro.


PS: alguém aí sabe me ensinar como se ganha dinheiro assim? xD

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Cantos das torcidas

Fonte: Blog do Germano

Essas linhas são indignadas. Indignadas por causa da parte preguiçosa do jornalismo esportivo do centro do país. Primeiro, antes de ler tudo abaixo, clica aqui e veja essa matéria da Globo.
Amo torcidas cantando. Há muito tempo. Gosto de torcidas – hinchadas – castelhanas desde cedo. Amo estádios portenhos porque eles não cantam, eles pulsam – como bem dizem sobre a Bombonera, por exemplo. Bom, a matéria que você acabou de ver é preguiçosa por um simples motivo: a Globo acha que quem revolucionou as arquibancadas brasileiras nesses últimos tempos foram as torcidas do Rio. Todo dia, uma matéria exalta os novos gritos dos estádios, as novas canções. Galvão Bueno se emociona, manda subir o som e espalha pra todo mundo: “É a NOVA onda dos estádios brasileiros!”. Um amigo meu comentou: “Legal a torcida do Flamengo cantando a música do Senna, né?!” Eu falei: mas é cópia do Inter! E ele: “Mentira! Vi no Globo Esporte.”. Aí que quero chegar: atenção Globo: quem revolucionou o jeito brasileiro de torcer nos anos 2000 foi a GERAL DO GRÊMIO! (Um adendo: a torcida do Galo sempre foi diferente. Duvidam: perguntem pro Danrlei...). Bom, a torcida tricolor, com inspiração total nos estádios do Sul da América, trouxe novas músicas, novas bandeiras, trapos e sacudiu todo o Brasil. E isso lá por 2001, 2002. Mas a Globo, preguiçosamente – acompanhada da Band e Record – não dizem isso. E o pior: não sabem disso! A segunda torcida a movimentar tudo foi a POPULAR, do Colorado. Obviamente, num fato que acontece há 100 anos no futebol gaúcho: Inter e Grêmio se copiando (anos atrás, um cara revolucionou o jeito de torcer no RS, o nome dele é Vicente Rao. Se a Geral, do Grêmio, foi a precursora moderna, Vicente Rao, vermelho, foi anos atrás, com o Grêmio logo depois copiando a maneira colorada no estádio – vá aos livros pra comprovar, caro amigo). Pra ficar bem claro: adoro tudo que está acontecendo nos estádios brasileiros, tudo! Novas canções, bonitas, lindas, fáceis de pegar. Mas querida Globo e concorrentes: isto nasceu no RS, não no RJ. E existe uma maneira fácil de provar: o nosso querido amigo youtube.com. Nele, os vídeos têm datas. Ali, se confirma quem inovou o marasmo que era um estádio brasileiro, que hoje, é muito mais “torcedor” do que o antes “espectador” (vale um adendo: a reclamação não é para com as cópias, isso sempre aconteceu e a torcida do Flamengo, por exemplo, sempre teve músicas copiadas. O problema é que nesses últimos anos, o RS foi o nascedouro de tudo isso e esse crédito, não aparece na grande imprensa esportiva brasileira).

Agora meu comentário. Só queria explicar que postei isso aqui, por indignação também, concordo plenamente que o Grêmio possa ter trazido as canções de outros times da América do Sul para cá e fomos nós, gaúchos, que mostramos como torcer. Nós que começamos dando força para nossos times. Algumas músicas são pura cópia de músicas gaúchas adaptadas pelo torcedor. Então você que é carioca, paulista, baiano ou seja lá onde for. Tenha consciência que não foi seu time que inovou o metódo de torcer, tenha consciência de que a Globo não está dando a informação certa, novamente. Tenha consciência de que nós, colorados e gremistas, temos muito mais história em cantos de torcida do que vocês, flamenguistas, corinthianos ou palmerenses. Apenas nos dê os dévidos créditos. Só isso que peço.

domingo, 11 de maio de 2008

Bem que eu gostaria...

Bem que eu gostaria de ser o amor
Para viver perto da amada.
Bem que eu gostaria de ser a flor
Para deixar-te mais perfumada.
Bem que eu gostaria de tudo, ser um pouco
Para fazer-te feliz
Bem que eu gostaria de ser um louco
De amor, para dizer-te tudo o que eu quis.
Bem que eu gostaria de ser o teu sofrimento
Para saber de que estais sofrendo
Pois, a mim, seria um tormento
Do teu lado não estar vivendo.
Bem, gostaria de ser o teu amor
Pra ver quem estais amando
Bem, gostaria de ser a tua dor
Pra ficar em seu coração afagando.
Bem que eu gostaria de ser você
Para saber se estais me amando
Mas, isto não pode ser
Pois por você vivo sonhando.
Bem que eu gostaria de ser teu pensamento
Para saber no que estais pensando
Bem, gostaria de ser teus lábios, neste momento
Para nos meus, estarem beijando.
Bem que eu gostaria de ser o teu viver
Para saber no que tu viverias
Bem que eu gostaria de ter só você
E era isso, no mundo, que eu queria.
Bem, gostaria que você fosse eu
Para saber do que estou pensando
Bem, gostaria que me desse tudo o que me deu
Para saber se eu a estava amando.
Bem que eu gostaria que me beijasse
Para esquecer tudo do que se passou
Mas, mesmo se isso passasse
Eu choraria como ninguém chorou.
Pois eu a amo como ninguém a amou
E a amarei como sempre queria
E, eu queria que tu fosses como eu sou
Para gostar – como eu gostaria...

Caos

Se existissem verdades irrefutáveis, a mair delas seria essa: o mundo está à beira do caos. Essa frase é um clichê afinal, praticamente todo mundo já escutou isso da boca de alguém. Mas a verdade é que o mundo sempre esteve à beira do caos.
O mundo estava à beira do caos há 2000 anos, ao ser dominado por romanos impiedosos; foi quando surgiu um revolucionário que os enfrentou, arrastando multidões.
O mundo estava à beira do caos quando o revolucionário pacífico foi crucificado;
foi quando surgiram seus seguidores e estabeleceram uma igreja;
O mundo estava à beira do caos quando houve mais de uma igreja e elas passaram a guerrear;
foi quando surgiu um sultão que ganhou a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando a época desse sultão acabou, e seu povo começou a guerrear entre si;
foi quando surgiu o presidente de uma grande nação capitalista para tentar apaziguar a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente traiu sua esposa e feriu os conceitos e costumes de seu povo;
foi quando surgiu um outro presidente fiel e adepto da moral.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente vendeu a alma do seu povo em troca de petróleo;
foi quando surgiu a revolta de algumas nações do terceiro mundo contra ele.
O mundo estava à beira do caos quando o povo de uma dessas nações entrou na miséria;
foi quando surgiu um presidente indigena capaz de entender e lutar por seu povo.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente indigena tripudiou e virou as costas para o maior pais da sua região;
foi quando surgiu um presidente sindicalista e popular desse grande país, que tratou de fazer…nada.
Sim, o mundo sempre esteve à beira do caos, mas nunca chegou lá, porque cada um luta com suas forças para que isso não aconteça.
Dentre todos, há os que usam as armas, o poder e a sabedoria para o bem ou para o mal. É daí que surge o equilíbrio que se espera para que o mundo não entre em colapso. Existe porém, aqueles que preferem não explorar as possibilidades que dispõem: os passivos. E quanto maiores as chances que um passivo tem de colaborar com os outros, maior a sua falha. E quanto maior a falha, mais perto o mundo estará do estado de caos e só assim o clichê se tornará realidade.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mudando de nome

- Dá licensssa, moço.
- Pois não, garotinho.
- Eu vim mudar meu nome.
- Seu nome? Qual é o seu nome?
- Inássssio.
- Como?
- Inásssio.

- Pode soletrar, por favor?
- I-N-Á-C-I-O.
- Ah, Inácio. E o que a sua mãe diz de você querer mudar seu nome?

- Não diz nada. Eu não contei pra ela.

- Entendo... Mas não seria melhor você contar primeiro?
- Tudo bem, ela vai deixar.
- E por que você acha que ela deixaria?

- Porque quando ela escolheu esse nome provavelmente não sabia que eu nasceria com a língua presa.

- Hum, faz sentido. Mas lamento. Não posso mudar o seu nome.
- E por que não?
- Mudar o nome é um negócio complicado. Você não pode chegar e ir mudando.
- Mas esse é o centésimo cartório em que passo. Não é possível que nenhum possa mudar o meu nome. Pra que tanta burocrasssia?

- Garoto, você está no Brasil. Brasil...Pelé...samba...burocracia. Entendeu bem?
- Entendi mas não concordo. Chama o seu chefe aqui que eu quero falar com ele.

- Chamar meu chefe pra um pivete-língua-presa? Ô garoto, vê se se manca. Sai daqui, vai procurar o que fazer, vai.
- Pivete-língua-presa? Brasileiro maldito. Eu odeio você e todos os brasileiros. Um dia eu vou ser rei desse pais e aí eu quero ver. Eu vou ferrar com todos vocês. Me aguarde, eu voltarei.
- Garoto maluco.

- O que ele queria?
- Mudar o nome.
- Pra qual?
- Lula.


Dizem que o governo não faz nada.

- Vai transar?
- O governo dá camisinha.
- Engravidou?
- O governo dá o aborto.
- Teve filho?
- O governo dá o Bolsa-Família.
- Tá desempregado?
- O governo dá Bolsa-Desemprego.
- Não tem terra?
- O governo dá o Bolsa-Invasão.
- Vai prestar vestibular?
- O governo dá o Bolsa-Cota.

Mas tenta estudar e viver por conta própria pra ver o que acontece: o governo te enche de Impostos!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fim do dia do Silêncio

7 de maio, dia do silêncio. Respeitem.


"O silêncio é o eco reflexivo interior, o voo da solidão gigante, o grito eloquente no auge da dor, o clamor do oprimido, a expressão criadora do poeta.

O silêncio é a ausência de barulho, sons, vozes e ruídos, segundo a definição de dicionários e enciclopédias.

Do ponto de vista da espiritualidade, o silêncio é força e caminho propício à introspecção e à meditação.
O silêncio dos imensos desertos, por onde caminham os peregrinos, em busca da fonte inesgotável de paz e harmonia.

O silêncio que nos acompanha na intimidade e está conosco no instante final, companheiro e guia no caminho da eternidade.
Silêncio são forças misteriosas, repletas de subtilezas e transparências, que nos dão a medida exacta da pureza, da humildade, da riqueza interior.

Sem o silêncio a alma fica pequena.

“Há o silêncio manipulador, o silêncio torturante, o silêncio chantagista, o silêncio rancoroso, o silêncio conivente, o silêncio da zombaria, o silêncio imbecil, o silêncio do desprezo. Há pessoas que matam com seu silêncio. Há silêncios que esmagam a justiça e a bondade, na calada da noite. O silêncio mais puro é aquele que guarda a confidência. Este silêncio jamais é excessivo. Não se deve apregoar aos quatro ventos o que foi murmurado na intimidade da amizade e do amor.”

Juscelino Tanaka

Diz a sabedoria popular que temos dois ouvidos e somente uma boca porque precisamos ouvir mais do que falar. Outro pensamento diz que o sábio escuta e o tolo fala demais. Há ainda outro que diz que quem fala demais dá bom dia a cavalo. Há tempo de calar e tempo de falar. Quando não praticamos isso, passamos vexames. Existe o indiscreto que não consegue ver um lábio de uma cor diferente, uma unha crescida ou uma camisa nova de outro. Não se agüenta e berra: pia, fulano está assim e assim. O dia do silencio, existe para alertar essas pessoas!

Dedico este post a todos aqueles que não comentam neste blog.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Morte da Consciência

Ele pegou sua caneta e disse aos seus seguidores que superassem os outros homens. Eles se armaram de facas e foices, violentaram as mulheres, mataram homens, machucaram crianças e fizeram prisioneiros.
- Mas não foi isso o que eu quis dizer – lamentou.
- Você não pode ensiná-los a ouvir - respondeu ela de dentro da sua cabeça.
Então chamou-os novamente. Pediu que refletissem. Sugeriu que se imaginassem em situação semelhante à dos prisioneiros. Eles imaginaram e mutilaram os prisioneiros antes que esses tivessem a oportunidade de dar um troco à altura.
- Não era isso o que eu queria - disse ele.
- Você não pode mostrar a eles como pensar - ela explicou.
Desesperado, ele entregou a eles todos os livros do mundo. Selecionou as páginas mais preciosas e grifou passagens que poderiam lhes ser úteis Mas eles usaram os livros de combustível para uma grande fogueira e nela queimaram os corpos dos prisioneiros. O cheiro das letras mortas impregnou o ar, o pó das mentes queimadas tomou toda a Terra.
- Nunca planejei semelhante espetáculo - ele bradava angustiado.
- Não cabe a você fazer com que entendam – a voz dela ecoou pelo seu cérebro.
Decidiu então reuni-los para lhes ensinar sobre as coisas. Contou-lhes o significado de tudo e exemplificou os ensinamentos mostrando onde haviam errado. Eles aprenderam, mas se sentiram tão culpados que se jogaram na fogueira. O fogo que consumiu as letras e mentes, devorou também o último facho de esperança.
- Mas eu dei a eles tudo o que precisavam na vida.
- Mas você não pode ensiná-los a viver.
Ele então tirou a caneta do papel, virou-a com a ponta para a frente, empunhou-a como uma arma letal e saiu à caça de vítimas. Ela foi sua primeira.

domingo, 4 de maio de 2008

O lápis

Sem eletricidade pela manhã e com uma ótima idéia de um texto, procurei as canetas. Secas, falhando ou soltando tinta demais, sabe como é? E ali estava um lápis que eu não tenho a menor idéia de como surgiu e há quanto tempo. A ponta apontada.
Comecei a escrever com o lápis. Algumas coisas começaram a acontecer na minha memória e no meu coração. Voltei correndo para a Creche Zacaro Faraco e comecei a recordar das primeiras letras, ditadas pro nossa professora, no caderno de caligrafia. Naquela época eu ainda era canhoto. Senti que minha mão ainda fluía bem com o lápis. Além de tudo, é higiênico.
Só que a ponta acaba. E foi com uma afiada faca de churrasco que fiz o serviço. Que prazer fazer a ponta de um lápis. Fiz devagarzinho para não desperdiçar a emoção da minha volta ao passado.
E me lembrei que todos nós começamos a escrever assim. Mas, ainda com sete anos, o sonho era escrever com a caneta. Mas isso era coisa para o pessoal mais velho, do segundo ano. A caneta estourava ou nos riscávamos, estragava as roupas. Voltava imundo para casa. O sonho sempre foi a caneta.
Depois da caneta normal o sonho era a IBM de bolinha(dava para apagar os últimos digitos errados) e depois veio o computador e agora o sonho é um Pentium 5. E o lápis ficou lá atrás. Só que ele não seca, não acaba e não suja.
Aí me lembrei que existiam uns lápis que tinham umas borrachinhas na outra ponta. Para apagar os erros. Não resisti, saí e comprei. Não um, mas vários. E, é claro, um apontador. Não aqueles modernos com manivela, de mesa, mas daqueles pequeninhos, que hoje são de plástico mesmo. Aproveitei e comprei uma caixa de lápis coloridos. Trinta e duas cores. Uma lata bonita.
Aí, não tendo mais o que inventar para brincar, resolvi escrever um texto com letra de forma, escanear e ver se o computador reconhecia meu texto. Não. Não por culpa dele, mas pela minha letra mesmo que, nestes últimos meses, dado ao desuso, e não é apenas o computador que não entende. Afinal, hoje em dia, para que serve escrever à mão? Como para que serve somar ou subtrair se as maquininhas estão aí? Para que serve o curso primário?
É aqui que eu queria chegar. Não adianta o governo testar alunos e professores e universidades. Vai dar sempre zebra. O buraco é bem mais embaixo, senhor ministro da Educação. Vamos voltar ao lápis e ao dois mais dois. Vamos começar pela base. Vamos escrever a lápis. Mesmo por que, se não der certo, a gente apaga e começa de novo.


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Atlântida Festival

Eu gostaria de contar o show pra vocês, mas não vou fazer isso, só vou falar dos pontos principais e daquilo que na TV não mostra e do que os meus sentimentos na hora mostraram. Quem quiser saber como foi o evento então olhe na TV COM que provavelmente vai reprisar, ou pergunte-me diretamente, pra quem não sabe o Atlântida Festival é como se fosse um Planeta Atlântida fora do verão e fora das praias, um evento com alcance do país inteiro, com bandas de grande peso nacional. Bom, a organização do evento está de parabéns, teve seus prós e contras, mas a revista dos policias foi providencial e também a pequena "maratona" que fizeram pra antes de chegar no local do evento.
Um evento com a magnitude de alcançar 20 mil pessoas, e durar um pouco mais de 16 horas sem nenhum conflito entre platéia, segurança e policiais, é bem dificil de se acontecer e a organização do Festival fez com que isso acontecesse.

Pontos Fortes:
Staffs acessíveis
Show da Pitty
Show da Cachorro Grande
Atuação dos seguranças e policiais

Pontos Fracos:
Show do Natiruts
Final do show da Cachorro Grande
Preço dos produtos
Atuação dos cambistas
Cachorro Quente gelado
Local de Cadeirantes embaixo do palco, sem poder ver os artistas direito

acho que é isso, esse foi o primeiro Atlântida Festival, com certeza virão outros, espero que possam corrigir alguns erros e algumas outras coisas. Espero também novas bandas. E que a rádio Atlantida continue sempre nos proporcionando tal diversão, por preços bastante acessíveis.

Selo


Ganhei meu primeiro selo \o/
espero que venham outros

obrigado pessoal que me apoia e obrigado aqueles que sempre perdem um tempinho comentando aqui, vocês não tem noção como me deixam feliz. Obrigado também http://visaocontraria.blogspot.com que me indicou a este selo.

Continuarei com o blog.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Churrasco

Cada vez chego mais à conclusão que não existe nada mais melindroso do que um churrasco caseiro. E, ao mesmo tempo, relaxante. Sim, porque no Brasil, todo mundo entende de duas coisas: ou é metido a ser técnico de futebol ou a fazer churrasco. Têm os que sabem. E têm os outros. E é muito dificil ver alguém fazendo um churrasco e não dar pelo menos um palpite. O churrasqueiro de plantão sabe que, se sucumbir ao primeiro investimento alheio, terá de aturar o chato até o fim da tarde.
Os palpites omeçam na hora de acender o fogo.
- Você não tem aquele negocinho embaixo, que fica pegando fogo?
- Com jornal! Pega os classificados.
- O caderno 2, não!
- Se não abanar, não vai pegar. Vai por mim.
- Colocou muito carvão. Vai sufocar o fogo. Não disse?
- Tá muito alto. Joga água!
- Não falei pra não jogar água? Olha aí, apagou.
- Você é que não abanou. Dá licença?
Fogo pronto, todo mundo já na segunda caipirinha, as mulheres lá do outro lado. Se tem uma coisa que mulher não entende é de churrasco. Participam, no máximo, com a salada e os gritos de: amor, traz mais um pano de prato?
Aí começa os palpites pra valer:
- Se eu fosse você, colocava a línguiça na parte de baixo.
- O quê??? Vai fatiar a picanha? Peloamordedeus, isso é uma infâmia!
- Olha, sem querer ser chato, mas eu acho melhor colocar a gordura para o lado de baixo. Depois virar e não virar mais.
- O problema do lombo é que demora demais. Precisa ficar embaixo. Muita gordura, meu.
- Tá vendo?, pinga a gordura e o fogo sobe. Assim não vai dar. Joga água.
- Limão? Na picanha?
- Aquela lingüiça ali já não está boa? Cadê o pão?
- O que é isso? Salmoura? No meu churrasco, não!
- Mas não fui eu quem ficou de comprar o pão. Graziela! Não tem pão!
- Me dá licença? Posso virar a costela? O que é isso que você colocou aqui? Orégani? Tá doido, cara?
- Salmoura, onde já se viu...
- De peixe eu entendo. Só sal e limão. Não, cara, sal grosso, não. Sal fino. Põe por dentro. Assim ó. Tem papel laminado, não?
Já está todo mundo ali a ponto de enfiar o espeto no colega da faculdade, quando chegam os esfomiados.
- A linguiça já tá pronta?
É quando chega o colega retardatário e, antes de cumprimentar.
- Esse fogo tá muito alto. Com licença. Se tem uma coisa que eu entendo é de churrasco, Ricardo. Deixa comigo. Quem é que tá fazendo a caipirinha? Muito açucar. Tá um melado isso aqui.
- Põe mais carvão, Felipe.
- Queimei o dedo!
- Sei não, eu, por mim, virava essa picanha. Vai torrar, cara.
- Você precisa comprar uma faca melhor. Olha aí. Isso aqui está estragando a carne.
- Karol, cadê a faca boa? Aquela que o seu pai me deu?
- Cuidado que tá quente, guri. Não disso? Não me ouve...
- Mas não tem nem uma manteiguinha para passar na batata, Cassio?
- Graziela!!! Eu já não disse que margarina não server? Olhaí, derrete muito rápido, esfria a batata. Ah, meu Deus do céu!
E por aí vai, até escurecer e o fogo apagar de vez
Existe uma teoria psicanalítica de que quem faz churrasco não precisa fazer terapia. Que os grandes e amadores churrasqueiros são pessoas muito bem resolvidas.
Deve ser verdade, pois colocam avental com uma feminilidade cativante. Ficam - dois ou três homenzarrões abraçados - olhando por horas e horas para o fogo ardente, brigando e discutindo como se fossem marido e mulher. Já notou? Já notou quando um queima o dedo, com que carinho é tratado pelos outros? Já vi barbudo chupar o dedo do outro ali, ao lado das brasas da amizade.
Se não houvesse o churrasco caseiro, os homens seria muito mais tristes, muito mais violentos.
Fazer um churrasco num sabádo(ou domingo) resolve todos os problemas, da faculdade, da firma, do namoro, do casamento, dos filhos e dos amigos. O homem virá um herói de si mesmo.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Todo poderoso Cifrão

hoje eu vou inaugurar uma coluna nova no blog, o nome vai ser curiosidades. Espero que gostem. Começarei com a do título. Vocês sabem quanto custa o centavo?

9 centavos! É isso mesmo, um centavo custa na verdade nove centavos. Mas não é por culpa dos "ingredientes", esses saem por menos de meio centavo no mercado internacional. O que encarece são as etapas de fabricação do produto. A eletrodepoisção do cobre sobre o aço, a cunhagem e a embalagem. Se fizermos as contas, são mais de R$ 93 milhões de prejuízos desde o ínicio do Plano Real. Sorte que esse déficit é amenizado pela produção de cédulas, que são bem mais baratas. O custo de uma nota de um real por exemplo, são os mesmo nove centavos.

As moedas de 1, 5 e 10 centavos, custam mais do que seu valor de face.

Os valores das cédulas.

R$ 1,00 - 9 centavos
R$ 2,00 - 10 centavos
R$ 5,00 - 9 centavos
R$ 10,00 - 10 centavos
R$ 20,00 - 13 centavos
R$ 50, 00 - 10 centavos
R$ 100,00 - 10 centavos

e os valores das moedas?

1 centavo - 9 centavos
5 centavos - 12 centavos
10 centavos - 15 centavos
25 centavos - 22 centavos
50 centavos - 22 centavos
R$ 1,00 - 26 centavos

acho que pagamos demais por nossas cédulas.

Fonte: SuperInteressante

sábado, 26 de abril de 2008

Troca Justa

- Eu quero ser bonito.
- Pois não. Quão bonito?
- Completamente. Quero ser admirado pela minha beleza.
- Hum, isso vai custar caro.
- Você parcelam?
- Sim, mas só tem um detalhe. Precisamos de uma garantia de pagamento.
- Que garantia?
- Seu cérebro.
- Meu cérebro? Eu não vou colocar meu cérebro no prego.
- Então não vai ficar bonito.
- Não tem outro jeito?
- Tem. Nascer bonito, mas vejo que esse não é o seu caso.
- Não diga sem saber. Eu posso ter nascido bonito e ficado assim depois.
- Se fosse assim você não hesitaria em empenhar seu cérebro.
- Por que não?
- Querido, não existe ex-drogado conformado. Não existe ex-alcoólatra conformado. Não existe ex-bonito conformado. Você não pode tirar um vício de alguém e achar que vai ficar tudo bem.
- Ok, eu não sou um ex-bonito e pelo visto não vou ser um futuro bonito. Não vejo vantagens em trocar meu cérebro por beleza.
- Mas têm. Muitas vantagens. Além das óbvias, claro. Por exemplo, a sua beleza terá prazo de validade estabelecido. Dizemos a você exatamente quando ela vai acabar. Já o seu cérebro, ninguém sabe. Já tivemos casos de perder cérebros por desuso em apenas dois anos na nossa caixa de penhor.
- E quando é que o prazo de validade da minha beleza acaba?
- Na velhice. Infelizmente a beleza que vendemos só funciona acoplada à juventude. Mas também não há problemas quanto a isso. Ao comprar a sua beleza o senhor recebe TOTALMENTE DE GRAÇA uma ilusão de juventude e uma ilusão de beleza para usar juntas na velhice.
- Nesse caso é de se pensar. Mas e quando eu acabar de pagar? Posso pegar meu cérebro de volta?
- Pode sim. Só não garantimos que ele estará funcionando bem. Sabe como é, muito tempo parado... o cérebro não é tão forte e durável quanto a beleza.
- Bom, então está fechado. Onde eu assino?
- Aqui. Obrigada.
- Só mais uma dúvida. Que garantia eu tenho de que vocês não venderão meu cérebro enquanto estiverem com ele?
- Não se preocupe, não é do nosso interesse. Se o senhor fechou esse negócio, quer dizer que ele já não vale grande coisa mesmo.


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem foi que inventou o abraço?

Me baseando no último post do meu colega Edimar, no seu próprio blog, Blog do Edimar, resolvi escrever uma "crônica" sobre quem inventou os inventos. Não estou interessado nos inventos técnicos e eletrônicos, mas nas coisas do dia-a-dia que a gente faz e não sabe quem criou aquela moda.
O abraço, por exemplo. Você pode notar que isso é coisa do século passado. E não existe em alguns países. Em Portugal, para citar apenas um, é difícil você ver alguém abraçando ninguém tão efusivamente como nas ruas do Brasil.
Dizia ser coisa do século passado, pois a gente vê nos filmes de época, nas gravuras e desenhos de outros séculos que não tinha nada de abraço. Eram cumprimentos formais, no máximo um aperto de mão. Imagine se o Cabral chegou aqui e foi logo abraçando os índios... Isso não existia.
Pois eu descobri a origem do abraço, e é coisa do início do século passado mesmo e teve sua origem (é claro) na Itália. Sim, quem inventou o abraço, destes de grudar o corpo, dar tapinhas nas costas, na barriga, na cintura, apertar mais uma vez, quem inventou isso foram os mafiosos italianos. E sabem pra quê? Davam tapinhas e apalpadelas para ver se o outro tinha alguma arma no corpo. È vero?
Os japoneses até hoje não se abraçam. É que lá o espadachim estava sempre à vista. Então eles se curvavam pra baixo para ver até onde ia a adaga.
Outra invenção interessante é o pente. Mas essa foi fácil de descobrir e não me obrigou a grandes pesquisas, desde o dia que vi, debaixo de um viaduto uma mendiga chique alisando suas madeixas com a ossada de um peixe recém comido. Não deve dar um bom cheiro para às melenas, mas não tenho dúvida que foi aí que tudo começou.
A geladeira, por mais incrível que pareça, foi inventada pelos esquimós. Sim, cada iglu tinha a sua geladeira, movida a lenha, desde o século retrasado. Sabe para que eles usavam a geladeira? Para degelar os alimentos congelados. Verdade!
Já o beijo foi inventado pelos pais que ficam o dia inteiro com o pimpolho nos braços beijando. Depois pedem que joguem beijinhos. Depois começam a beijar pra valer. Como foram também os pais que inventaram o arroto.
As mães não sossegam enquanto o filho não arrotar depois da mamadeira. Ficam pedindo "arrota benzinho, arrota". O benzinho arrota e elas ficam sossegadas. Pouco mais de dois anos depois, a cada arroto que o pobrezinho dá, vem a bronca: "Que coisa feia, menino! Onde foi que você aprendeu essa malcriação?"
A pipoca é coisa do século retrasado e foi descoberta (sem querer) pelos pigmeus africanos que criavam pardais e davam alpiste para eles. Um certo dia, caíram alguns grãos numa ardente frigideira e começou tudo a estalar. Daí para o milho foi um passo. O nome pipoca surgiu porque a tribo se chamava Pipoká. Qualquer enciclopédia (in)decente traz essa explicação decente e verdadeira.
Aquela sobremesa que todo mundo chama de Romeu e Julieta, que nada mais é que a goiabada com queijo, não é invenção dos mineiros, como muitos apregoam. Puro Shakespeare, darling. Como todo mundo sabe, os Montecchio fabricavam goiabada e os Capuleto o queijo de Verona. Eram industriais, ricos e rivais. Romeu e Julieta queriam unir o útil (ou o útero) ao agradável. Deu no que deu. Demorou pouco tempo para os veronenses juntarem a goiabada com o queijo e homenagearem os jovens mais populares da cidade.
O voto também é dessa época. Segundo mestre Aurélio, a origem é latina e vem de votu, que significa (acredite, por favor) promessa. Ou seja, já naquele tempo, dizia Jesus aos seus discípulos: Não dêem seus votos para quem só faz promessas. Acabaram matando ele que, diga-se de passagem, fazia também muitas promessas.
E quem foi que inventou a crônica? Foi o Deus do tempo, o Kronos e que (mais uma vez) Aurélio assim explica: Texto jornalístico redigido de forma livre e pessoa, e que tem como temas fatos ou idéias da atualiadade, de teor artístico, político, esportico, etc., ou simplesmente relativos a vida cotidiana.


Eu...

Hoje vai ter dois post's seguidos, resolvi diferenciar um pouco, mas como poucas pessoas lêem o post que tá embaixo, então esse vai ser o primeiro que eu vou postar. Há pouco tempo eu fiz um poema, vo colocá-lo aqui e também um pouco do meu signo... com detalhes especiais. Pela primeira vez, no blog, eu vou assumir que tem alguém de escorpião que balançou toda minha vida, porque ela é uma abobada, irritante e o pior tipo de sedutora possível. Nem sei se ela vai ler, porque ela está dormindo agora, a moça de net discada. E ela é outra que costuma ler só as primeiras coisas que eu escrevo e o pior de tudo, nunca comenta. Vamos dar mais algumas dicas? Nem preciso as pessoas que a conhecem, já sabem quem é. Bom, aí vai o poema/poesia.

TENHO MEDO

Tenho medo sim.
De te magoar
De te fazer sofrer
De te fazer chorar

Tenho medo de não sentir
Teu calor
Teus beijos
Teu amor

Tenho medo
Que o brilho dos teus olhos
Desapareçam e se transforme em dor

Mas eu preciso acreditar
Mais em mim
Por um sorriso no rosto
Criar coragem o suficiente
Para dar um chute no medo
E pensar em ti

Ou, então, quem sabe...
Esquecer o medo,
E pensar em nós...

Essa é a poesia ou poema, alguém um dia vai me explicar a diferença, afinal sou apenas jornalista, ou quase um. Na verdade falta muito ainda. A segunda parte do primeiro post vai ser para me definir, como signo, talvez. Quem me conhece, sabe que sou mais ou menos assim, mas não acreditem em tudo que lêem, afinal, signos, são só signos.

GÊMEOS

Bom de lábia, cheio dos truques e com muito jogo de cintura, o geminiano se dá bem no papel de Don Juan. Se sai para curtir a noite, não volta sozinho para casa. No dia-a-dia, está sempre atento à repentina tristeza de um colega, à urgência do amigo ou a um bumbum mais generoso que passa. Nada moralista e eternamente curioso, não foge de experiências novas ou mesmo extravagantes. É claro que a maturidade aplaca um pouco esse espírito inquieto, mas nem por isso faz o nativo de Gêmeos virar santo. Na cama, ele gosta de inventar novidades e falar antes, durante e depois. Regido pelo dinamismo e flexibilidade de Mercúrio, foge de relações que se tornem repetitivas.

ATRAÇÃO FATAL: por Escorpião, com quem é capaz de viver os casos de amor mais loucos e irresponsáveis.

CONTATOS QUENTES: com escorpião que prometem encontros intensos e descobertas inesquecíveis. Com Libra e Aquário, apesar da afinidade de idéias e desejos, capaz de proporcionar intermináveis papos, tudo delimita a uma ilusão.

Acho que é isso. Que venha o segundo post.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ladrão

Eu não sou ladrão, não senhor. Não ando por aí de terno, gravata e valise na mão. Nem limpo eu ando. Ladrão anda limpo, porque trabalho, trabalho mesmo suja. Trabalho não tem nada a ver com roupa engomada, creme para as mãos, sapato lustrado. E ladrão é aquele cara que não tem mão calejada, respingo de tinta e suor na testa. Isso tudo eu tenho. Se quiser, tire uma foto minha, leve minha roupa como evidência.
Pode checar aí na gravação que eu não falo direito. Isso lá é coisa de ladrão? Ladrão que é ladrão compra educação. Só não exercita com a gente. Mas fala errado na frente de ladrão pra ver. Ele tira sarro do senhor. Isso se ele enxergar o senhor, porque ladrão é meio míope. Só enxerga números – de cédulas, de contas, de eleitores – só números. Eu nem contar sei. Como é que eu vou ser ladrão?
Se o senhor precisar de alguém que confirme que eu sou trabalhador, é só ir lá no bar do Luizão e perguntar para os meus amigos. Porque, o senhor sabe, ladrão não tem amigo. Ladrão só anda com ladrão. É pra caso alguém diga que ali tem ladrão, um apontar o outro. E o pior é que quando gritam “pega ladrão”, é gente como eu que corre.
Eu corro mesmo é porque ladrão adora dizer que a gente é ladrão. Eu pelo menos não sou. E nem é por convicção. É por falta de oportunidade. É o povo que escolhe o ladrão e ninguém me elegeu para isso. É uma pena decepcioná-lo, mas não vai ser o senhor que vai capturar um ladrão. De ladrão escolhido pela gente, só a gente pode cuidar. E se ladrão não liga pra gente, a gente liga menos ainda pra ladrão. Afinal, dá menos trabalho criar um ladrão a cada quatro anos que destruir um por dia. E, no final das contas, não faz mesmo sentido. Pra que tirar a autorização para roubar se foi a gente mesmo que fez o ladrão?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cadê a lua?

Já que saí totalmente do meu padrão, eu vou escrever outro poema/poesia(nunca sei a diferença deles), hoje não tá sendo um bom dia pra mim, mas eu preciso postar alguma coisa, só por postar mesmo. Espero que gostem do poema, ele é um pouco antigo, mas é de momento.

Cadê a lua?

Tu és delicada, linda, serena
Tens olhos birlhantes como o luar
Neles, afogo-me, sou gotas ao mar
Mas não me notar, nem sequer acena

Tens beleza infinita, pequena
Queria tua tez poder tocar
Cantar azul-céu do teu olhar
Tão perfeita, não pode ser terrena

De longe eu sinto teu perfume
Tu és deusa em corpo de mortal
De Afrodite a maior rival

Da Vinci, Ticiano, Donatello
Não pintariam sorriso mais belo
A lua? se escondeu... com ciúme.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Progresso! e Ordem?

Nós não andamos por aí pelados. Para falar a verdade, nós nem andamos por aí. Nós dirigimos por aí. Usamos roupas e carros. De marca. E nem dá para questionar a qualidade, porque nós compramos de vocês.
Nós também compramos seus princípios, e pagamos cada centavo. Então, se isso esclarece a sua dúvida: não, nós não trepamos indiscriminadamente. Nossos pais não trepavam indiscriminadamente, nossos avós não trepavam indiscriminadamente e nossos bisavós... bem, desses aí não dá para falar muita coisa. Só conheceram a civilidade de verdade quando vocês chegaram aqui.
Mas não foi só isso que aprendemos com vocês. Seus livros também invadiram nossas estantes e seus hábitos, nosso modo de vida. Portanto, pense duas vezes antes de dizer que levamos vida fácil pois, imitando vocês, descobrimos o quão complicada ela deve ser.
Nós não somos diferentes de vocês. E se domamos nossos instintos e apagamos nossa cultura só para provar isso, não é qualquer gringo de merda que vai dizer que em 500 anos não progredimos nada. Há meio milênio, vivíamos para aprender. Hoje, somos ensinados a viver. Isso, caro amigo, se chama progresso.



segunda-feira, 14 de abril de 2008

Diálogo divino

- Ó Senhor, se estiveres me ouvindo dê-me um sinal.
- Fala.
- Ahhh! Quem é você?
- Deus
- Deus?!
- É, Deus. Fale logo o que quer que eu não tenho tempo.
- Senhor, eu pequei. Eu enfiei uma garrafa na bunda. Me perdoe, por favor.
- Por enfiar a garrafa na bunda? E por que é que enfiar uma garrafa na bunda seria pecado?
- Não sei, Senhor. É?
- Me diz você. Eu não tenho vindo muito à igreja, não estou inteirado dessas coisas.
- Bem, Senhor. O padre considera isso uma ofensa ao Senhor.
- A mim? Mas a bunda é sua.
- Mas foi o Senhor que fez.
- Não seja por isso. Pergunte a um fabricante de privadas se ele quer saber tudo o que se passa dentro dos produtos que faz.
- Mas, Senhor. Se não é responsabilidade do Senhor me perdoar, de quem é?
- Sua, porra.
- Minha?
- Claro. Quem disse que eu tenho responsabilidades? Vocês inventaram isso porque não sabem viver direito. E olha que eu fiz de tudo pra ajudar. Primeiro eu criei a vida, então vocês ficaram entediados e eu criei a morte. Aí vocês passaram a vida esperando a morte, então eu criei os órgãos sexuais. E o que vocês fizeram? Criaram a responsabilidade. E pior, atribuíram a mim. Se um vizinho seu diz que conhece algum artista de cinema, vocês pedem prova. Mas se um mendigo de saiote diz que sou eu, vocês acreditam de primeira. E depois perguntam porque eu não apareço por aí fazendo showmício.
- Mas, Senhor. Todos nós temos consciência de uma força maior que rege o mundo.
- Claro que têm. O nome disso é mídia. E essa é que está mais longe de ser criação minha. Se eu dou pêlos, ela diz pra raspar. Se eu dou inteligência, ela prega a ignorância. Se eu dou pinto, ela prega abstinência. Se eu dou o envelhecimento, ela prega a juventude eterna. Se eu dou a bunda, ela inventa o pecado.
- Então quer dizer que o pecado não existe, Senhor?
- Existir, existe, mas foram vocês que inventaram. Mais uma ilusão barata das massas.
- E como eu faço pra viver fora dessa ilusão, Senhor?
- Simplesmente viva. Pare de pensar tanto. Pare de ouvir os outros mais que a si mesmo. Saia dessa igreja, pegue outra garrafa, enfie na bunda e seja feliz.
- Sim, Senhor. Muito obrigado. Adeus, Senhor.
- E mais uma vez um mendigo de saiote salva a humanidade. Padreeee, ô padre, me arruma um pratinho de comida aí, vai.


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Estou perdendo minha letra!

Vocês não tem noção, os únicos momentos que escrevo em uma folha com caneta é na faculdade. O resto é tudo no computador. Primeira vez que estou fazendo uma crônica manuscrita e com certeza guardarei. Por que depois ela passará pro computador pra vocês poderem lê-la.
Acredito que são poucas as pessoas que escrevem seus textos, crônicas, críticas, contos, poemas e outras coisas numa folha e usando caneta. O computador já faz tanta parte da nossa vida, que nos sentimos dependentes dele. Quem nunca pensou em fazer um ctrl c + ctrl v ao estar reescrevendo alguma coisa. Viu? Certamente você já pensou nisso ou em algum outro atalho que o computador nos dá. Existem casos raros como usar o ctrl z para refazer alguma cagada.
Sinto inveja daqueles escritores antigos. Aqueles que não usavam uma BIC, como a minha, mas sim pena e mata-borrão. Vocês sabem o que é um mata-borrão? Não é errorex, liquid paper ou branquinho. Mata-borrão era usado pra secar a tinta acumulada em alguma letra. E as letras deles? Aaah, as letras. Todas bem divididas e metradas. Tinham alguns que ainda enfeitavam, faziam curvas em "ésses" e desenhos em "érres". Esses sim eram artistas, desenhavam, pintavam, escreviam. Verdadeiros mestres.
E eu aqui com minha BIC vou deixando de escrever, com um sentimento nostálgico de que nasci na época errada.


Isabella não morreu!

Isabella não morreu. Mais de uma vez. Isabella não morreu tantas vezes, que é impossível calcular tudo o que morreu no lugar dela. Afinal, matou-se muita coisa para reviver Isabella.

Ninguém liga se um cartão corporativo cai do sexto andar. Cartões corporativos não são crianças. Mas podem estar tirando comida da boca de muitas. Crianças essas que não são Isabella. Porque Isabella não morreu de fome, nem de dengue, nem no tráfico infantil, nem de tiro na favela. Isabella morreu, seja lá do que for, mas vive na Globo, no SBT, na Veja, na internet, em todo lugar.

Se o Brasil fosse um programa de televisão, a morte de Isabella teria resolvido todos os nossos problemas. Porque desde Isabella, muita coisa não acontece. Ninguém mais vende bala no sinal, ninguém mais toma bala de revólver. Ninguém mais rouba do governo, ninguém é roubado por ele. Nenhum político virou corrupto, nenhum corrupto virou político.

Isabella levou consigo todas as boas notícias, e as más também. Mas, por mais trágica que seja, a verdade não morre. E a verdade é que o Brasil não é um programa de televisão e Isabella, é triste, mas Isabella morreu.


A Companhia

Puxou a cadeira e sentou-se.

- Por favor garçon, sente-se aqui.
- Como senhor? não entendi, o que você deseja? nossa casa oferece varios tipos de bebidas.
- Por favor garçon, sente-se aqui, eu não preciso de bebidas.
- Mas senhor eu preciso atender as pessoas.
- Por favor garçon, sente-se aqui dois minutos.
- O senhor está bem? eu ja lhe disse que não posso.
- Por favor garçon, seja rapido e sente-se aqui.


Ele puxou a cadeira e sentou.


- Obrigado Garçon, eu não poderia morrer so-zi...nh.