quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Churrasco

Cada vez chego mais à conclusão que não existe nada mais melindroso do que um churrasco caseiro. E, ao mesmo tempo, relaxante. Sim, porque no Brasil, todo mundo entende de duas coisas: ou é metido a ser técnico de futebol ou a fazer churrasco. Têm os que sabem. E têm os outros. E é muito dificil ver alguém fazendo um churrasco e não dar pelo menos um palpite. O churrasqueiro de plantão sabe que, se sucumbir ao primeiro investimento alheio, terá de aturar o chato até o fim da tarde.
Os palpites omeçam na hora de acender o fogo.
- Você não tem aquele negocinho embaixo, que fica pegando fogo?
- Com jornal! Pega os classificados.
- O caderno 2, não!
- Se não abanar, não vai pegar. Vai por mim.
- Colocou muito carvão. Vai sufocar o fogo. Não disse?
- Tá muito alto. Joga água!
- Não falei pra não jogar água? Olha aí, apagou.
- Você é que não abanou. Dá licença?
Fogo pronto, todo mundo já na segunda caipirinha, as mulheres lá do outro lado. Se tem uma coisa que mulher não entende é de churrasco. Participam, no máximo, com a salada e os gritos de: amor, traz mais um pano de prato?
Aí começa os palpites pra valer:
- Se eu fosse você, colocava a línguiça na parte de baixo.
- O quê??? Vai fatiar a picanha? Peloamordedeus, isso é uma infâmia!
- Olha, sem querer ser chato, mas eu acho melhor colocar a gordura para o lado de baixo. Depois virar e não virar mais.
- O problema do lombo é que demora demais. Precisa ficar embaixo. Muita gordura, meu.
- Tá vendo?, pinga a gordura e o fogo sobe. Assim não vai dar. Joga água.
- Limão? Na picanha?
- Aquela lingüiça ali já não está boa? Cadê o pão?
- O que é isso? Salmoura? No meu churrasco, não!
- Mas não fui eu quem ficou de comprar o pão. Graziela! Não tem pão!
- Me dá licença? Posso virar a costela? O que é isso que você colocou aqui? Orégani? Tá doido, cara?
- Salmoura, onde já se viu...
- De peixe eu entendo. Só sal e limão. Não, cara, sal grosso, não. Sal fino. Põe por dentro. Assim ó. Tem papel laminado, não?
Já está todo mundo ali a ponto de enfiar o espeto no colega da faculdade, quando chegam os esfomiados.
- A linguiça já tá pronta?
É quando chega o colega retardatário e, antes de cumprimentar.
- Esse fogo tá muito alto. Com licença. Se tem uma coisa que eu entendo é de churrasco, Ricardo. Deixa comigo. Quem é que tá fazendo a caipirinha? Muito açucar. Tá um melado isso aqui.
- Põe mais carvão, Felipe.
- Queimei o dedo!
- Sei não, eu, por mim, virava essa picanha. Vai torrar, cara.
- Você precisa comprar uma faca melhor. Olha aí. Isso aqui está estragando a carne.
- Karol, cadê a faca boa? Aquela que o seu pai me deu?
- Cuidado que tá quente, guri. Não disso? Não me ouve...
- Mas não tem nem uma manteiguinha para passar na batata, Cassio?
- Graziela!!! Eu já não disse que margarina não server? Olhaí, derrete muito rápido, esfria a batata. Ah, meu Deus do céu!
E por aí vai, até escurecer e o fogo apagar de vez
Existe uma teoria psicanalítica de que quem faz churrasco não precisa fazer terapia. Que os grandes e amadores churrasqueiros são pessoas muito bem resolvidas.
Deve ser verdade, pois colocam avental com uma feminilidade cativante. Ficam - dois ou três homenzarrões abraçados - olhando por horas e horas para o fogo ardente, brigando e discutindo como se fossem marido e mulher. Já notou? Já notou quando um queima o dedo, com que carinho é tratado pelos outros? Já vi barbudo chupar o dedo do outro ali, ao lado das brasas da amizade.
Se não houvesse o churrasco caseiro, os homens seria muito mais tristes, muito mais violentos.
Fazer um churrasco num sabádo(ou domingo) resolve todos os problemas, da faculdade, da firma, do namoro, do casamento, dos filhos e dos amigos. O homem virá um herói de si mesmo.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Todo poderoso Cifrão

hoje eu vou inaugurar uma coluna nova no blog, o nome vai ser curiosidades. Espero que gostem. Começarei com a do título. Vocês sabem quanto custa o centavo?

9 centavos! É isso mesmo, um centavo custa na verdade nove centavos. Mas não é por culpa dos "ingredientes", esses saem por menos de meio centavo no mercado internacional. O que encarece são as etapas de fabricação do produto. A eletrodepoisção do cobre sobre o aço, a cunhagem e a embalagem. Se fizermos as contas, são mais de R$ 93 milhões de prejuízos desde o ínicio do Plano Real. Sorte que esse déficit é amenizado pela produção de cédulas, que são bem mais baratas. O custo de uma nota de um real por exemplo, são os mesmo nove centavos.

As moedas de 1, 5 e 10 centavos, custam mais do que seu valor de face.

Os valores das cédulas.

R$ 1,00 - 9 centavos
R$ 2,00 - 10 centavos
R$ 5,00 - 9 centavos
R$ 10,00 - 10 centavos
R$ 20,00 - 13 centavos
R$ 50, 00 - 10 centavos
R$ 100,00 - 10 centavos

e os valores das moedas?

1 centavo - 9 centavos
5 centavos - 12 centavos
10 centavos - 15 centavos
25 centavos - 22 centavos
50 centavos - 22 centavos
R$ 1,00 - 26 centavos

acho que pagamos demais por nossas cédulas.

Fonte: SuperInteressante

sábado, 26 de abril de 2008

Troca Justa

- Eu quero ser bonito.
- Pois não. Quão bonito?
- Completamente. Quero ser admirado pela minha beleza.
- Hum, isso vai custar caro.
- Você parcelam?
- Sim, mas só tem um detalhe. Precisamos de uma garantia de pagamento.
- Que garantia?
- Seu cérebro.
- Meu cérebro? Eu não vou colocar meu cérebro no prego.
- Então não vai ficar bonito.
- Não tem outro jeito?
- Tem. Nascer bonito, mas vejo que esse não é o seu caso.
- Não diga sem saber. Eu posso ter nascido bonito e ficado assim depois.
- Se fosse assim você não hesitaria em empenhar seu cérebro.
- Por que não?
- Querido, não existe ex-drogado conformado. Não existe ex-alcoólatra conformado. Não existe ex-bonito conformado. Você não pode tirar um vício de alguém e achar que vai ficar tudo bem.
- Ok, eu não sou um ex-bonito e pelo visto não vou ser um futuro bonito. Não vejo vantagens em trocar meu cérebro por beleza.
- Mas têm. Muitas vantagens. Além das óbvias, claro. Por exemplo, a sua beleza terá prazo de validade estabelecido. Dizemos a você exatamente quando ela vai acabar. Já o seu cérebro, ninguém sabe. Já tivemos casos de perder cérebros por desuso em apenas dois anos na nossa caixa de penhor.
- E quando é que o prazo de validade da minha beleza acaba?
- Na velhice. Infelizmente a beleza que vendemos só funciona acoplada à juventude. Mas também não há problemas quanto a isso. Ao comprar a sua beleza o senhor recebe TOTALMENTE DE GRAÇA uma ilusão de juventude e uma ilusão de beleza para usar juntas na velhice.
- Nesse caso é de se pensar. Mas e quando eu acabar de pagar? Posso pegar meu cérebro de volta?
- Pode sim. Só não garantimos que ele estará funcionando bem. Sabe como é, muito tempo parado... o cérebro não é tão forte e durável quanto a beleza.
- Bom, então está fechado. Onde eu assino?
- Aqui. Obrigada.
- Só mais uma dúvida. Que garantia eu tenho de que vocês não venderão meu cérebro enquanto estiverem com ele?
- Não se preocupe, não é do nosso interesse. Se o senhor fechou esse negócio, quer dizer que ele já não vale grande coisa mesmo.


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem foi que inventou o abraço?

Me baseando no último post do meu colega Edimar, no seu próprio blog, Blog do Edimar, resolvi escrever uma "crônica" sobre quem inventou os inventos. Não estou interessado nos inventos técnicos e eletrônicos, mas nas coisas do dia-a-dia que a gente faz e não sabe quem criou aquela moda.
O abraço, por exemplo. Você pode notar que isso é coisa do século passado. E não existe em alguns países. Em Portugal, para citar apenas um, é difícil você ver alguém abraçando ninguém tão efusivamente como nas ruas do Brasil.
Dizia ser coisa do século passado, pois a gente vê nos filmes de época, nas gravuras e desenhos de outros séculos que não tinha nada de abraço. Eram cumprimentos formais, no máximo um aperto de mão. Imagine se o Cabral chegou aqui e foi logo abraçando os índios... Isso não existia.
Pois eu descobri a origem do abraço, e é coisa do início do século passado mesmo e teve sua origem (é claro) na Itália. Sim, quem inventou o abraço, destes de grudar o corpo, dar tapinhas nas costas, na barriga, na cintura, apertar mais uma vez, quem inventou isso foram os mafiosos italianos. E sabem pra quê? Davam tapinhas e apalpadelas para ver se o outro tinha alguma arma no corpo. È vero?
Os japoneses até hoje não se abraçam. É que lá o espadachim estava sempre à vista. Então eles se curvavam pra baixo para ver até onde ia a adaga.
Outra invenção interessante é o pente. Mas essa foi fácil de descobrir e não me obrigou a grandes pesquisas, desde o dia que vi, debaixo de um viaduto uma mendiga chique alisando suas madeixas com a ossada de um peixe recém comido. Não deve dar um bom cheiro para às melenas, mas não tenho dúvida que foi aí que tudo começou.
A geladeira, por mais incrível que pareça, foi inventada pelos esquimós. Sim, cada iglu tinha a sua geladeira, movida a lenha, desde o século retrasado. Sabe para que eles usavam a geladeira? Para degelar os alimentos congelados. Verdade!
Já o beijo foi inventado pelos pais que ficam o dia inteiro com o pimpolho nos braços beijando. Depois pedem que joguem beijinhos. Depois começam a beijar pra valer. Como foram também os pais que inventaram o arroto.
As mães não sossegam enquanto o filho não arrotar depois da mamadeira. Ficam pedindo "arrota benzinho, arrota". O benzinho arrota e elas ficam sossegadas. Pouco mais de dois anos depois, a cada arroto que o pobrezinho dá, vem a bronca: "Que coisa feia, menino! Onde foi que você aprendeu essa malcriação?"
A pipoca é coisa do século retrasado e foi descoberta (sem querer) pelos pigmeus africanos que criavam pardais e davam alpiste para eles. Um certo dia, caíram alguns grãos numa ardente frigideira e começou tudo a estalar. Daí para o milho foi um passo. O nome pipoca surgiu porque a tribo se chamava Pipoká. Qualquer enciclopédia (in)decente traz essa explicação decente e verdadeira.
Aquela sobremesa que todo mundo chama de Romeu e Julieta, que nada mais é que a goiabada com queijo, não é invenção dos mineiros, como muitos apregoam. Puro Shakespeare, darling. Como todo mundo sabe, os Montecchio fabricavam goiabada e os Capuleto o queijo de Verona. Eram industriais, ricos e rivais. Romeu e Julieta queriam unir o útil (ou o útero) ao agradável. Deu no que deu. Demorou pouco tempo para os veronenses juntarem a goiabada com o queijo e homenagearem os jovens mais populares da cidade.
O voto também é dessa época. Segundo mestre Aurélio, a origem é latina e vem de votu, que significa (acredite, por favor) promessa. Ou seja, já naquele tempo, dizia Jesus aos seus discípulos: Não dêem seus votos para quem só faz promessas. Acabaram matando ele que, diga-se de passagem, fazia também muitas promessas.
E quem foi que inventou a crônica? Foi o Deus do tempo, o Kronos e que (mais uma vez) Aurélio assim explica: Texto jornalístico redigido de forma livre e pessoa, e que tem como temas fatos ou idéias da atualiadade, de teor artístico, político, esportico, etc., ou simplesmente relativos a vida cotidiana.


Eu...

Hoje vai ter dois post's seguidos, resolvi diferenciar um pouco, mas como poucas pessoas lêem o post que tá embaixo, então esse vai ser o primeiro que eu vou postar. Há pouco tempo eu fiz um poema, vo colocá-lo aqui e também um pouco do meu signo... com detalhes especiais. Pela primeira vez, no blog, eu vou assumir que tem alguém de escorpião que balançou toda minha vida, porque ela é uma abobada, irritante e o pior tipo de sedutora possível. Nem sei se ela vai ler, porque ela está dormindo agora, a moça de net discada. E ela é outra que costuma ler só as primeiras coisas que eu escrevo e o pior de tudo, nunca comenta. Vamos dar mais algumas dicas? Nem preciso as pessoas que a conhecem, já sabem quem é. Bom, aí vai o poema/poesia.

TENHO MEDO

Tenho medo sim.
De te magoar
De te fazer sofrer
De te fazer chorar

Tenho medo de não sentir
Teu calor
Teus beijos
Teu amor

Tenho medo
Que o brilho dos teus olhos
Desapareçam e se transforme em dor

Mas eu preciso acreditar
Mais em mim
Por um sorriso no rosto
Criar coragem o suficiente
Para dar um chute no medo
E pensar em ti

Ou, então, quem sabe...
Esquecer o medo,
E pensar em nós...

Essa é a poesia ou poema, alguém um dia vai me explicar a diferença, afinal sou apenas jornalista, ou quase um. Na verdade falta muito ainda. A segunda parte do primeiro post vai ser para me definir, como signo, talvez. Quem me conhece, sabe que sou mais ou menos assim, mas não acreditem em tudo que lêem, afinal, signos, são só signos.

GÊMEOS

Bom de lábia, cheio dos truques e com muito jogo de cintura, o geminiano se dá bem no papel de Don Juan. Se sai para curtir a noite, não volta sozinho para casa. No dia-a-dia, está sempre atento à repentina tristeza de um colega, à urgência do amigo ou a um bumbum mais generoso que passa. Nada moralista e eternamente curioso, não foge de experiências novas ou mesmo extravagantes. É claro que a maturidade aplaca um pouco esse espírito inquieto, mas nem por isso faz o nativo de Gêmeos virar santo. Na cama, ele gosta de inventar novidades e falar antes, durante e depois. Regido pelo dinamismo e flexibilidade de Mercúrio, foge de relações que se tornem repetitivas.

ATRAÇÃO FATAL: por Escorpião, com quem é capaz de viver os casos de amor mais loucos e irresponsáveis.

CONTATOS QUENTES: com escorpião que prometem encontros intensos e descobertas inesquecíveis. Com Libra e Aquário, apesar da afinidade de idéias e desejos, capaz de proporcionar intermináveis papos, tudo delimita a uma ilusão.

Acho que é isso. Que venha o segundo post.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ladrão

Eu não sou ladrão, não senhor. Não ando por aí de terno, gravata e valise na mão. Nem limpo eu ando. Ladrão anda limpo, porque trabalho, trabalho mesmo suja. Trabalho não tem nada a ver com roupa engomada, creme para as mãos, sapato lustrado. E ladrão é aquele cara que não tem mão calejada, respingo de tinta e suor na testa. Isso tudo eu tenho. Se quiser, tire uma foto minha, leve minha roupa como evidência.
Pode checar aí na gravação que eu não falo direito. Isso lá é coisa de ladrão? Ladrão que é ladrão compra educação. Só não exercita com a gente. Mas fala errado na frente de ladrão pra ver. Ele tira sarro do senhor. Isso se ele enxergar o senhor, porque ladrão é meio míope. Só enxerga números – de cédulas, de contas, de eleitores – só números. Eu nem contar sei. Como é que eu vou ser ladrão?
Se o senhor precisar de alguém que confirme que eu sou trabalhador, é só ir lá no bar do Luizão e perguntar para os meus amigos. Porque, o senhor sabe, ladrão não tem amigo. Ladrão só anda com ladrão. É pra caso alguém diga que ali tem ladrão, um apontar o outro. E o pior é que quando gritam “pega ladrão”, é gente como eu que corre.
Eu corro mesmo é porque ladrão adora dizer que a gente é ladrão. Eu pelo menos não sou. E nem é por convicção. É por falta de oportunidade. É o povo que escolhe o ladrão e ninguém me elegeu para isso. É uma pena decepcioná-lo, mas não vai ser o senhor que vai capturar um ladrão. De ladrão escolhido pela gente, só a gente pode cuidar. E se ladrão não liga pra gente, a gente liga menos ainda pra ladrão. Afinal, dá menos trabalho criar um ladrão a cada quatro anos que destruir um por dia. E, no final das contas, não faz mesmo sentido. Pra que tirar a autorização para roubar se foi a gente mesmo que fez o ladrão?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cadê a lua?

Já que saí totalmente do meu padrão, eu vou escrever outro poema/poesia(nunca sei a diferença deles), hoje não tá sendo um bom dia pra mim, mas eu preciso postar alguma coisa, só por postar mesmo. Espero que gostem do poema, ele é um pouco antigo, mas é de momento.

Cadê a lua?

Tu és delicada, linda, serena
Tens olhos birlhantes como o luar
Neles, afogo-me, sou gotas ao mar
Mas não me notar, nem sequer acena

Tens beleza infinita, pequena
Queria tua tez poder tocar
Cantar azul-céu do teu olhar
Tão perfeita, não pode ser terrena

De longe eu sinto teu perfume
Tu és deusa em corpo de mortal
De Afrodite a maior rival

Da Vinci, Ticiano, Donatello
Não pintariam sorriso mais belo
A lua? se escondeu... com ciúme.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Progresso! e Ordem?

Nós não andamos por aí pelados. Para falar a verdade, nós nem andamos por aí. Nós dirigimos por aí. Usamos roupas e carros. De marca. E nem dá para questionar a qualidade, porque nós compramos de vocês.
Nós também compramos seus princípios, e pagamos cada centavo. Então, se isso esclarece a sua dúvida: não, nós não trepamos indiscriminadamente. Nossos pais não trepavam indiscriminadamente, nossos avós não trepavam indiscriminadamente e nossos bisavós... bem, desses aí não dá para falar muita coisa. Só conheceram a civilidade de verdade quando vocês chegaram aqui.
Mas não foi só isso que aprendemos com vocês. Seus livros também invadiram nossas estantes e seus hábitos, nosso modo de vida. Portanto, pense duas vezes antes de dizer que levamos vida fácil pois, imitando vocês, descobrimos o quão complicada ela deve ser.
Nós não somos diferentes de vocês. E se domamos nossos instintos e apagamos nossa cultura só para provar isso, não é qualquer gringo de merda que vai dizer que em 500 anos não progredimos nada. Há meio milênio, vivíamos para aprender. Hoje, somos ensinados a viver. Isso, caro amigo, se chama progresso.



segunda-feira, 14 de abril de 2008

Diálogo divino

- Ó Senhor, se estiveres me ouvindo dê-me um sinal.
- Fala.
- Ahhh! Quem é você?
- Deus
- Deus?!
- É, Deus. Fale logo o que quer que eu não tenho tempo.
- Senhor, eu pequei. Eu enfiei uma garrafa na bunda. Me perdoe, por favor.
- Por enfiar a garrafa na bunda? E por que é que enfiar uma garrafa na bunda seria pecado?
- Não sei, Senhor. É?
- Me diz você. Eu não tenho vindo muito à igreja, não estou inteirado dessas coisas.
- Bem, Senhor. O padre considera isso uma ofensa ao Senhor.
- A mim? Mas a bunda é sua.
- Mas foi o Senhor que fez.
- Não seja por isso. Pergunte a um fabricante de privadas se ele quer saber tudo o que se passa dentro dos produtos que faz.
- Mas, Senhor. Se não é responsabilidade do Senhor me perdoar, de quem é?
- Sua, porra.
- Minha?
- Claro. Quem disse que eu tenho responsabilidades? Vocês inventaram isso porque não sabem viver direito. E olha que eu fiz de tudo pra ajudar. Primeiro eu criei a vida, então vocês ficaram entediados e eu criei a morte. Aí vocês passaram a vida esperando a morte, então eu criei os órgãos sexuais. E o que vocês fizeram? Criaram a responsabilidade. E pior, atribuíram a mim. Se um vizinho seu diz que conhece algum artista de cinema, vocês pedem prova. Mas se um mendigo de saiote diz que sou eu, vocês acreditam de primeira. E depois perguntam porque eu não apareço por aí fazendo showmício.
- Mas, Senhor. Todos nós temos consciência de uma força maior que rege o mundo.
- Claro que têm. O nome disso é mídia. E essa é que está mais longe de ser criação minha. Se eu dou pêlos, ela diz pra raspar. Se eu dou inteligência, ela prega a ignorância. Se eu dou pinto, ela prega abstinência. Se eu dou o envelhecimento, ela prega a juventude eterna. Se eu dou a bunda, ela inventa o pecado.
- Então quer dizer que o pecado não existe, Senhor?
- Existir, existe, mas foram vocês que inventaram. Mais uma ilusão barata das massas.
- E como eu faço pra viver fora dessa ilusão, Senhor?
- Simplesmente viva. Pare de pensar tanto. Pare de ouvir os outros mais que a si mesmo. Saia dessa igreja, pegue outra garrafa, enfie na bunda e seja feliz.
- Sim, Senhor. Muito obrigado. Adeus, Senhor.
- E mais uma vez um mendigo de saiote salva a humanidade. Padreeee, ô padre, me arruma um pratinho de comida aí, vai.


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Estou perdendo minha letra!

Vocês não tem noção, os únicos momentos que escrevo em uma folha com caneta é na faculdade. O resto é tudo no computador. Primeira vez que estou fazendo uma crônica manuscrita e com certeza guardarei. Por que depois ela passará pro computador pra vocês poderem lê-la.
Acredito que são poucas as pessoas que escrevem seus textos, crônicas, críticas, contos, poemas e outras coisas numa folha e usando caneta. O computador já faz tanta parte da nossa vida, que nos sentimos dependentes dele. Quem nunca pensou em fazer um ctrl c + ctrl v ao estar reescrevendo alguma coisa. Viu? Certamente você já pensou nisso ou em algum outro atalho que o computador nos dá. Existem casos raros como usar o ctrl z para refazer alguma cagada.
Sinto inveja daqueles escritores antigos. Aqueles que não usavam uma BIC, como a minha, mas sim pena e mata-borrão. Vocês sabem o que é um mata-borrão? Não é errorex, liquid paper ou branquinho. Mata-borrão era usado pra secar a tinta acumulada em alguma letra. E as letras deles? Aaah, as letras. Todas bem divididas e metradas. Tinham alguns que ainda enfeitavam, faziam curvas em "ésses" e desenhos em "érres". Esses sim eram artistas, desenhavam, pintavam, escreviam. Verdadeiros mestres.
E eu aqui com minha BIC vou deixando de escrever, com um sentimento nostálgico de que nasci na época errada.


Isabella não morreu!

Isabella não morreu. Mais de uma vez. Isabella não morreu tantas vezes, que é impossível calcular tudo o que morreu no lugar dela. Afinal, matou-se muita coisa para reviver Isabella.

Ninguém liga se um cartão corporativo cai do sexto andar. Cartões corporativos não são crianças. Mas podem estar tirando comida da boca de muitas. Crianças essas que não são Isabella. Porque Isabella não morreu de fome, nem de dengue, nem no tráfico infantil, nem de tiro na favela. Isabella morreu, seja lá do que for, mas vive na Globo, no SBT, na Veja, na internet, em todo lugar.

Se o Brasil fosse um programa de televisão, a morte de Isabella teria resolvido todos os nossos problemas. Porque desde Isabella, muita coisa não acontece. Ninguém mais vende bala no sinal, ninguém mais toma bala de revólver. Ninguém mais rouba do governo, ninguém é roubado por ele. Nenhum político virou corrupto, nenhum corrupto virou político.

Isabella levou consigo todas as boas notícias, e as más também. Mas, por mais trágica que seja, a verdade não morre. E a verdade é que o Brasil não é um programa de televisão e Isabella, é triste, mas Isabella morreu.


A Companhia

Puxou a cadeira e sentou-se.

- Por favor garçon, sente-se aqui.
- Como senhor? não entendi, o que você deseja? nossa casa oferece varios tipos de bebidas.
- Por favor garçon, sente-se aqui, eu não preciso de bebidas.
- Mas senhor eu preciso atender as pessoas.
- Por favor garçon, sente-se aqui dois minutos.
- O senhor está bem? eu ja lhe disse que não posso.
- Por favor garçon, seja rapido e sente-se aqui.


Ele puxou a cadeira e sentou.


- Obrigado Garçon, eu não poderia morrer so-zi...nh.


terça-feira, 8 de abril de 2008

Os corruptos brasileiros ficaram indignados

Saiu na semana retrasada o relatório de Corrupção Global do ano passado, elaborado pelo grupo inglês Transparência Internacional. A lista dos dez mais corruptos do mundo, deixou os corruptos brasileiros indignados, pra dizer o mínimo. Nenhum brasileiro, entre os dez melhores do mundo! Nenhum!
Acho isto uma falta de consideração com o Brasil e com os nossos profissionais desta área econômica. Ou seja, até na corrupção estão nos passando para trás. Acho que os nossos corruptos deveriam se unir(não em partidos políticos, como alguns já fazem) para criar uma Central Única dos Corruptos e pelejar para que no ano que vem tenhamos dois ou três entre os top ten.
Confesso que, se eu fiquei frustrado com essa derrota vexamatória, imagina os , já corruptinhos, que usam terninhos desde a primeira comunhão. Como explicar ao garoto, qu o pai dele, depois de 50 anos de corrupção ativa, passiva e ininterrupta, ficou fora da lista da corrupção global 2007? Vai ser difícil...
Se eu fiquei indignado com isso, imagina os profissionais da área, como estão se sentindo neste momento. Pessoas que levam a corrupção a sério, que desde o jardim-de-infância se dedicam à corrupção e ao suborno. Profissionais formados, doutorados, eleitos pelo povo e até para presidente da República. Fico imaginando, não só a decepção deles, como também das esposas e dos próprios filhos
- Deixa comigo, garoto, que este ano eu vou arrasar!
Pobres coitados. Até o Fujimori, ex-Peru, um país bem mais pobre que o nosso, está lá, em posição destacada. Nenhum dos nosso... Aquele que você está pensando(ele mesmo) também não entrou.
Mas resta um consolo aos nossos desclassificados corruptos. É que, no final do relatório, eles(os ingleses) citam o Brasil como um dos países que adotaram medidas para combater a corrupção. E relembram aquela lei de 2002 que exige que os candidatos apresentem suas doações de campanha. Inglês é ingênuo, né?
Segundo eles, a barra na América Latina está pesada na Argentina(mais uma vitória dos argentinos sobre o Brasil), Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá e Paraguai.
Meus amigos corruptos, vamos reagir! Perder da Argentina, eu até aceito. Mas Bolívia, Equador, Haiti e Paraguai, é demais. Vocês precisam se organizar. Vocês não têm vergonha na cara?
Se vocês continuarem a negar que têm conta na Suíça ou em outros paraísos, vocês nunca estarão entre os melhores do mundo. Quem faz o levantamento se chama Transparência Internacional, sacou? Vamos passar a treinar três vezes por semana e jogar todo domingo. Eu sei que é necessário muito esforço e concentração para ficar entre os primeiros. Mas vamos conseguir. Vamos nos unir, amigos!
Tu, que roubou tanto de nós, roubou pra contar pra quem? Qual é a graça da tua fortuna se ninguém pode saber?
Vamos nos esforçar, pessoal. Dou a maior força!
E não esqueçam, esse ano tem eleição para prefeito da sua cidade, vamos escolher apenas aquele candidato transaparente, que não nos negue as coisas.


sábado, 5 de abril de 2008

A Bola!

Ninguém da bola para a bola. Não é como a roda. A roda entrou para ahistória no dia em que foi inventada. Existem civilizações que não conheceram a roda. Já pensou nisso? Se eu fizer uma pesquisa rápida aqui, é capaz até ded se descobrir o século em que foi inventada essa coisa tão simples, banal. A roda e sua invenção entraram para a história. Tem tanta importância quanto a pedra lascada e o vale do Silício lá na Califórnia(não que eu saiba o que é isso).
E a bola? Quem foi que inventou a bola? Onde e pra quê? Invenção mais boba, deve ter pensado um grego que passava por ali a caminho de uma sauna.
É impossível tentar entender o mundo sem a roda. Já pensou levar aquelas pedras todas lá no Egito para construir as pirâmides, se não tivesse a roda e sua consequente a carrocinha? E aqui vai a primeira dúvida. Aquele bando de egípcios, entre uma roda uma pedra e outra, não batiam uma bolinha? Não temos registro.
Mas tente, agora, entender o mundo sem a bola. E o esporte. Acho que, fora o automobilismo, as lutas, a esgrima e o boxe, tudo gira em torno da bola. Mesmo que seja uma bola na trave.
Desde a de pingue-pongue até a de basquete(que me parece ser a maior), a bola é a bola e ninguém tasca. A bola com as mãos, com os pés, com a cabeça e até com umas raquetes dando porradas nela. Sempre a bola.
Outra coisa interessante é que a bola não evolui. Nasceu bola e é bola até hoje, ao contrário das rodas que hoje tem de liga-leve e vem até com freio ABS. Tem roda-gigante e até programa de televisão com o nome dela: Roda Viva. Como se existisse uma roda morta.
Voltemos à bola. Me intriga isso: Quem inventou a bola? E mais: Pra quê? A bola de gude, por exemplo. Será que os soldados de Napoleão jogavam bolinha de gude em terreno cheio de neve? Será que, a bola quando inventada, já tinha ar dentro ou era compacta, inteira, de pedra, por exemplo, e era usada só para se jogar lá de cima do castelo na cabeça dos invasores?
Tenho certeza que a bola não foi inventada diretamente para se bater um escanteio. Ou seja, o cara inventou o campo de futebol primeiro, a marquinha do escanteio e alguém disse: "tem que colocar algum troço aqui, que com impulso vai lá para o outro lado, no segundo pau".
Depois um doido inventou uma bola pequena e durinha que uns brancos-avermelhados ficam batendo com um taco para entrar dentro de um buraquinho. Será que o buraquinho foi inventado primeiro e alguém disse: "temos que bolar alguma coisa para entrar aí dentro"?
Sinuca, vôlei, basquete, tênis, futebol, pingue-pongue, handebol,rugby, futebol americano, beisebol, gude, queimada e tudo mais que você lembrar aí.
Eu comecei um parágrafo lá em cima, dizendo que tudo na vida evolui. Menos a bola. Tudo bem, umas eram de couro hoje são de outro material. Mas o jeitão é o de sempre. Tem até uma que é oval, bolação típica de americano que me parece que é pra correr abraçado nela. A de pingue-pongue, por exemplo, é a que mais me impressiona. Como é que colocam aquele ar lá dentro? Deve ser simples, coisa bem bolada, etc. Mas acho esquisito. Não evolui. Não tem bola quadrada, com pedaços saindo de lado, et cetera e tal.
Tem bolas com valores. A bola preta é a 8. A cor de rosa é a 5. Quem foi o cara que definiu isso?
Ela não evolui, mas cria novas expressões. A bola da vez, por exemplo. De repente uma pessoa pode virar, da noite para o dia, a bola da vez.
Veja a importância da bola em nossa vida.
Bater bola. Bom da bola. Certo da Bola. Comer a bola. Dar bola. Entra com bola e tudo. Pisar na bola. Ter bola de cristal(onde já se viu?). Trocar as bolas. Ruim da bola.
E você, leitor, se gostou dessa crônica comente, porque, então, eu to com a bola toda.


terça-feira, 1 de abril de 2008

Tempos átras

Você é do tempo? Que..

• não existia orkut
• garotos de 13 anos usavam roupas remendadas pela mãe
• mc donalds custava R$4,50
• biscoito fofy existia
• meninas de 11 anos brincavam de boneca
• meninos de 13 anos assistiam cavaleiros do zodiaco e dragon ball z
• existia chiquititas e não rebeldes
• plutão ainda era um planeta
• festas de 15 anos não eram eventos/shows
• as músicas tinham coreografias
• tênis de luzinha era essencial
• kinder ovo era 1 real
• pessoas REALMENTE se conheciam e não por orkut
• maquiagem era coisa de gente grande
• fotos não eram tiradas para serem colocadas no orkut e sim para recordarem um momento
• pra saber da vida de alguem só lendo os questionarios que faziamos
• crianças tinham tamagotchi e não celular
• nao existiam emos
• se mandava cartinhas pra dizer que amava e nao scraps no orkut
• merthiolate ardia...

voces se lembram dessa época?
foi bom né?